Polícia
Polícia faz operação no bairro CPA 3, em Cuiabá, e prende 19 em golpe de vendas de carros
Investigações iniciaram em 2022, após denúncias que levaram à desarticulação de um escritório do crime de estelionato na capital

A Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Estelionato de Cuiabá, deflagrou na manhã desta terça-feira,18, a Operação Tertius para cumprir 155 ordens judiciais contra uma organização criminosa, altamente estruturada, envolvida um esquema de fraude eletrônica e lavagem de capitais, com prejuízo de mais de R$2 milhões às vítimas.
As ordens judiciais foram expedidas pelo Núcleo de Justiça 4.0 do Juiz das Garantias, sendo19 mandados de prisão preventiva, 55 de busca e apreensão domiciliar, 31 medidas cautelares diversas de prisão, dentre elas a instalação de tornozeleira eletrônica, além de 50 bloqueios de contas bancários contra os investigados.
A investigação conduzida na Delegacia de Estelionato de Cuiabá iniciou em julho de 2022, a partir de uma denúncia anônima sobre a uma residência, na região do bairro CPA 3 em Cuiabá, que era utilizada como escritório para a prática de crimes de estelionato.
No local, os criminosos atuavam especialmente na modalidade do "golpe do falso intermediário", predominantemente executado por meio de plataformas de compra e venda na internet. Por meio dos elementos apurados foi identificado o esquema criminoso altamente estruturado, caracterizado por uma clara divisão de tarefas entre os envolvidos, sendo consolidada autoria e materialidade dos crimes de fraude eletrônica, lavagem de capitais e organização criminosa, além de indícios da existência de conexões com uma facção criminosa.
Modo de ação
Para aplicação do golpe foi montado um esquema com estrutura e metodologia bem definidas. Inicialmente, os criminosos realizavam a captação de anúncios legítimos de veículos automotores em plataformas digitais amplamente utilizadas, como OLX e Facebook Marketplace. A partir desses anúncios verídicos, eles apropriavam-se das fotografias originais e de todas as especificações técnicas detalhadas, para então elaborar e publicar novos anúncios, fraudulentos.
Os levantamento apontam que o grupo criminoso publicou mais de 370 anúncios fraudulentos que atingiram mais de 3.445 contas de usuários e um prejuízo superior a R2 milhões às vítimas.
Para atrair um maior número de potenciais vítimas, a tática era a fixação de preços ligeiramente abaixo dos valores de mercado, o que criava uma aparente oportunidade vantajosa. Após as vítimas, se interessarem, o primeiro contato era estabelecido por meio do aplicativo WhatsApp, onde os investigados operavam sob identidades fictícias, desenvolvendo narrativas elaboradas e convincentes com as vítimas.
Após estabelecerem um vínculo de confiança com as vítimas, os criminosos se apresentavam falsamente como intermediários na negociação entre o comprador iludido e o vendedor real do veículo, aplicando técnicas psicológicas para induzir um senso de urgência na transação.
A consumação do golpe ocorria quando as vítimas, persuadidas por essa engenharia social, realizavam transferências financeiras via PIX. Essas transferências, de forma estratégica, eram direcionadas para contas bancárias de terceiros, conhecidos como "laranjas", visando dificultar o rastreamento dos valores. Uma vez que o dinheiro era recebido, a comunicação por parte dos fraudadores cessava abruptamente, caracterizando o desfecho do golpe.
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Em julho de 2022, policiais da Delegacia de Estelionato cumpriram mandado de busca e apreensão no endereço denunciado como escritório do crime, ocasião em que oito pessoas foram presas em flagrante em plena atividade de aplicação de golpes virtuais.
Com avanço das investigações, por meio da análise aprofundada de dispositivos eletrônicos e dados financeiros, foi revelada uma complexa organização criminosa, com mais 50 pessoas envolvidas, especializada em fraudes eletrônicas, lavagem de capitais e, em alguns casos, com vínculos com uma facção criminosa atuante no estado.
Nas investigações foi comprovado que mesmo após a prisão dos integrantes em 2022, o grupo deu continuidade às atividades criminosas, com postagens fraudulentas no decorrer inclusive deste ano de 2025, demonstrando a persistência da organização na prática do crime.
Os trabalhos investigativos revelaram uma extensa rede de movimentações financeiras atípicas entre os investigados, que se mostravam incompatíveis com a capacidade econômico-financeira declarada dos envolvidos, com o uso de contas de terceiros e empresas, e intensa movimentação em espécie, o que corrobora a prática de lavagem de capitais e a continuidade das atividades criminosas.