Política
Horas após a operação da Polícia Federal que mirou uma série de aliados do atual governo, o presidente Jair Bolsonaro convocou uma reunião extraordinária para a tarde desta quarta-feira (27) com ministros do governo, informou a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom).
Mais cedo, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal realizou uma operação de busca e apreensão contra aliados de Bolsonaro no âmbito do inquérito das fake news. Essa investigação apura a divulgação de notícias falsas e ameaças contra integrantes do Supremo.
A reunião também serviria para discutir inclusive se o ministro da Educação, Abraham Weintraub, deve ou não prestar depoimento à Polícia Federal a respeito de suas declarações sobre o STF na reunião ministerial de 22 de abril, apurou o âncora da CNN Daniel Adjuto. Na ocasião, entre outras declarações, Weintraub chamou os membros do Supremo de "vagabundos" e defendeu a prisão dos magistrados.
Apesar de o governo querer debater se Weintraub deve depor ou não, em tese tal escolha não existe. Ontem (26), o próprio Alexandre de Moraes ordenou que o ministro preste esclarecimentos à PF em até cinco dias.
Ainda segundo a apuração de Adjuto, o Planalto temeria que um próximo passo do inquérito seria o avanço sobre as atividades do vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos), já que depoimentos de ex-aliados de Bolsonaro como os deputados federais Alexandre Frota (PSDB-SP) e Joice Hasselmann (PSL-SP) apontam que Carlos comandaria o chamado "gabinete do ódio". O filho do presidente não foi alvo da operação realizada hoje.
O "gabinete do ódio" seria formado por um grupo de servidores lotados no Planalto ligados a Carlos Bolsonaro e que produziriam fake news para atacar adversários do presidente Jair Bolsonaro.
Na decisão em que autorizou a operação e citando os depoimentos de Frota, Joice e outros, Moraes diz que há a "real possibilidade" de que o "gabinete do ódio" seja uma associação criminosa "dedicada à disseminação de notícias falsas, ataques ofensivos a diversas pessoas, às autoridades e às Instituições, dentre elas o Supremo Tribunal Federal, com flagrante conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática".
O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu a suspensão do andamento do inquérito das fake news. Ele diz que o procedimento é "atípico" e afirma que o órgão que investiga -- no caso, o STF -- não pode ser o mesmo que julga.