Política
Campos Neto diz que emprego pleno no Brasil é “grande surpresa” e alerta sobre pressão inflacionária
Presidente do Banco Central participou do CNN Entrevistas desta terça-feira,30
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reconhece que o cenário do mercado de trabalho indica emprego pleno no Brasil e que esta é uma “grande surpresa”. As afirmações foram dadas ao CNN Entrevistas desta terça-feira (30). Apesar de ser algo positivo para a atividade econômica, o fato acende um alerta sobre pressão inflacionária. “Mas recentemente está um pouco melhor”, disse.
“O BC adora quando temos um regime de emprego pleno, quando todo mundo que está procurando trabalho encontra, que é nossa situação atual, que melhorou muito e foi uma grande surpresa. Outros países também passaram por isso, mas o Brasil foi uma grande surpresa”, respondeu, ao ser questionado pelo âncora William Waack sobre as razões de se considerar crítico um momento como o atual de “mão de obra apertada” e “emprego pleno”.
O alerta vem, segundo ele, quando as empresas precisam elevar os salários em um cenário de escassez de mão de obra qualificada. “A preocupação vem quando as empresas não conseguem contratar, e você tem que começar a subir o salário. Se você sobe o salário para o mesmo nível de produção, isso significa que você está iniciando um processo inflacionário. Então, a preocupação vem daí”.
O principal ponto de atenção do BC é o setor de serviços, sobretudo nos serviços intensivos, que demandam mais mão de obra, explica a autoridade.
“Existe essa preocupação, porque há uma incerteza de como a mão de obra apertada influencia a parte de serviços. (Esse indicativo de pressão inflacionária) apareceu em dois ou três números de inflação, mas recentemente está um pouco melhor”, diz.
Uma série de dados mais fortes que o esperado no mercado de trabalho foram divulgados mais cedo nesta terça-feira, antes da gravação da entrevista.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), divulgada pelo IBGE, mostrou leve alta na taxa de desemprego do primeiro trimestre, que ficou em 7,9%. A alta veio menor do que a esperada pelo mercado, que esperava alta para 8,1%.
Já o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostrou um saldo de 244,3 mil novas vagas com carteira assinada em março, também acima da expectativa dos analistas de 188 mil novos postos.