Política

GENOCÍDIO ANUNCIADO: MPF e DPU cobram ação do governo Lula diante de mortes em massa do povo Xavante em MT

Quatro crianças morreram com sinais de fome. Jovem grávida de 17 anos morreu sem atendimento. Governo assiste calado ao colapso da saúde indígena

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM MPF-MT 25/06/2025
GENOCÍDIO ANUNCIADO: MPF e DPU cobram ação do governo Lula diante de mortes em massa do povo Xavante em MT
A denúncia vem do Ministério Público Federal (MPF) e da Defensoria Pública da União (DPU), que enviaram uma recomendação dura ao Ministério da Saúde | MPF-MT

Uma tragédia silenciosa está em curso em Mato Grosso — e o Estado brasileiro, mais uma vez, assiste de braços cruzados. Entre janeiro e maio deste ano, 11 indígenas Xavante morreram na Terra Indígena Marãiwatsedé, num cenário de desnutrição, abandono, falta de atendimento médico e fome extrema.

A denúncia vem do Ministério Público Federal (MPF) e da Defensoria Pública da União (DPU), que enviaram uma recomendação dura ao Ministério da Saúde, cobrando ações imediatas para evitar mais mortes. A Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), vinculada ao Ministério da Saúde, tem apenas 15 dias para responder se vai agir — ou continuar ignorando o genocídio.

“É um cenário de guerra, só que o inimigo é o descaso do Estado”, declarou Marcos Costa Santos, da Comissão de Saúde Indígena do Conselho Nacional de Saúde.

Quatro das vítimas são crianças entre seis meses e quatro anos, todas apresentando sintomas de desnutrição severa, anemia, diarreia e pneumonia. Outras vítimas incluem uma adolescente grávida de 17 anos, cinco jovens adultos com menos de 40 anos e uma mulher de 52 anos.

Enquanto isso, no Polo Base de Marãiwatsedé, ao menos 50 crianças estão em risco nutricional grave. A situação é tão crítica que os profissionais pediram, em caráter de urgência, leite em pó e fórmulas infantis, mas sequer isso foi entregue.

Falta tudo: comida, médicos, água e medicamentos

A lista de omissões é estarrecedora: não há profissionais suficientes, não há transporte, não há medicamentos, não há água potável, não há comida. O Dsei Xavante, responsável por mais de 23 mil indígenas em 335 aldeias, conta com apenas um técnico para monitorar a qualidade da água.

“Estamos diante de um colapso completo da política pública de saúde indígena. O povo Xavante está sendo empurrado à morte com aval do Estado”, aponta o documento assinado pelo defensor Thiago Roberto Mioto e pelo procurador Guilherme Tavares.

Ações cobradas em caráter de urgência:

  • Envio de força-tarefa emergencial ao território, por 90 dias, para reerguer a gestão local;
  • Assunção imediata do comando do Dsei Xavante pela Sesai;
  • Fornecimento urgente de alimentos, vacinas, medicamentos e transporte;
  • Criação de comitê de crise permanente, com participação de indígenas;
  • Diagnóstico técnico em até 30 dias e relatório mensal de progresso;
  • Revisão completa do Plano Distrital de Saúde Indígena (PDSI), com cronograma detalhado.

Governo pressionado

A pressão agora está sobre o governo federal, que já enfrenta críticas internacionais pela condução da crise Yanomami. Se nada for feito, o que se verá nos próximos meses será uma repetição do genocídio, agora sob os olhos da sociedade brasileira e do mundo.

A pergunta que fica é: quantos indígenas precisam morrer para que o Brasil reaja?