Política

Brasil avalia com pessimismo efeito de resposta comercial aos EUA

Argumentos foram técnicos, mas investigação é política, avaliam fontes

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM CNN 19/08/2025
Brasil avalia com pessimismo efeito de resposta comercial aos EUA
Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente do Brasil e Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos | CNN

O Brasil está pessimista quanto ao efeito da resposta enviada à investigação comercial deflagrada pelos Estados Unidos sobre supostas práticas brasileiras consideradas desleais e antiamericanas. A avaliação é que os argumentos técnicos esbarram na motivação política da apuração, aberta a pedido de Donald Trump.

Na contestação, o Itamaraty rejeitou a acusação de adotar práticas prejudiciais aos Estados Unidos e reforçou “o compromisso do Brasil com sua parceria estratégica com os EUA e com o comércio justo e aberto”, afirmando que “escolhe se envolver construtivamente neste processo”.

De acordo com integrantes do governo brasileiro, apesar do esforço para rebater tecnicamente as acusações, não há otimismo neste momento quanto aos efeitos da resposta.

A avaliação é que os Estados Unidos têm politizado todas as questões bilaterais e, por isso, o governo se prepara tanto para a rejeição dos argumentos quanto para um aumento da pressão.

Para o governo Lula, a investigação aberta em 15 de julho pelo Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR), com base na Seção 301 da Lei de Comércio Americana de 1974, busca conferir um “verniz técnico” e uma base legal mais consistente ao tarifaço de Trump, que impôs uma sobretaxa de 50% a produtos brasileiros.

A investigação comercial foi aberta por determinação de Donald Trump, depois de o presidente americano já ter anunciado a taxação sobre produtos importados do Brasil.

A partir dessa apuração do USTR, os Estados Unidos podem impor sanções sob a alegação de que o Brasil adota práticas discriminatórias contra empresas americanas.

Em um documento de 93 páginas, o governo brasileiro negou práticas de comércio desleal e defendeu o Pix, a política ambiental, o etanol e a autonomia do STF (Supremo Tribunal Federal).

As respostas enviadas nesta segunda-feira (18) são preliminares para a análise do USTR. A próxima etapa do processo prevê a realização de uma audiência pública em 3 de setembro, com representantes do governo e do setor privado.