Política
Condenação de Bolsonaro 'é vista como fato consumado', diz Guardian
Para Bolsonaro ser condenado, é necessário que ao menos três dos cinco ministros da Primeira Turma do STF votem nesse sentido

A imprensa internacional destacou nesta quarta-feira (10/9) que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) está mais perto do fim após os votos dos ministros Alexandre de Moraes e Flavio Dino em favor de uma condenação.
Para Bolsonaro ser condenado, é necessário que ao menos três dos cinco ministros da Primeira Turma do STF votem nesse sentido. O placar atual no STF é 2 a 0 contra Bolsonaro e os demais sete réus que são acusados de tentar dar um golpe de Estado no final de 2022, para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Todos os réus negam as acusações.
"Mais três ministros da Suprema Corte devem votar nos próximos dias, com a condenação de Bolsonaro sendo amplamente considerada como um fato já consumado", afirma o jornal britânico The Guardian.
"Jair Bolsonaro liderou uma organização criminosa que buscava mergulhar o Brasil de volta à ditadura com uma tomada de poder assassina envolvendo assassinos das forças especiais e uma vasta campanha de desinformação, afirmou o juiz da Suprema Corte que preside o julgamento do ex-presidente ao votar pela condenação de Bolsonaro", destacou o jornal britânico.
"Se for considerado culpado de crimes como liderar uma organização criminosa armada, dar um golpe de Estado e tentar violentamente abolir a democracia brasileira, o ex-presidente pode ser condenado a até 43 anos de prisão. O veredito é esperado para quinta-feira. Embora Bolsonaro tenha negado as acusações, ele admitiu ter buscado meios supostamente constitucionais para permanecer no poder."
O jornal destacou as provas citadas no tribunal sobre a Operação Punhal Verde Amarelo que teria como objetivo assassinar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes — e em meio ao caos provocado pela decretação de estado de exceção, manter Jair Bolsonaro no poder.
O Guardian citou a frase de Moraes durante seu voto: "Isso não foi impresso numa gruta, na sede de um grupo terrorista. Foi impresso no Palácio do Planalto".
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"O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro está um passo mais perto de saber seu destino depois que uma turma do Supremo Tribunal Federal começou a votar na terça-feira para decidir se o ex-líder conspirou para derrubar a democracia e se manter no poder ilegalmente após sua derrota eleitoral em 2022", afirma o texto.
"Moraes falou por cerca de cinco horas, listando uma série de 'atos executórios' que, segundo ele, compuseram a tentativa de golpe, incluindo lançar dúvidas infundadas sobre o sistema de votação eleitoral do país, redigir um decreto para suspender o resultado da eleição que Bolsonaro perdeu e os tumultos de 8 de janeiro que, segundo Moraes, visavam forçar uma tomada de poder militar."
Na terça-feira, reportagem publicada pelo jornal americano The New York Times afirmou que "a bandeira dos Estados Unidos é o novo símbolo da direita brasileira".
Em matéria sobre o protesto de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro na Avenida Paulista no último domingo, 7 de setembro, o jornal destacou que uma bandeira americana "do tamanho de uma quadra de basquete" foi hasteada em várias faixas da principal avenida da capital paulista.
"A bandeira foi uma mensagem de agradecimento ao presidente Trump por tentar intervir no caso de Bolsonaro", afirma o correspondente do jornal no Brasil, Jack Nicas. "Tornou-se a imagem definidora dos enormes protestos do dia, estampada nas redes sociais e nas primeiras páginas dos jornais."
O julgamento de Bolsonaro e dos demais sete réus continua nesta quarta-feira. Para ser condenado, basta que apenas mais um dos três juízes — Luiz Fux, Cármen Lúcia ou Cristiano Zanin — votem contra Bolsonaro.
O próximo a votar é o ministro Luiz Fux, que vem manifestando discordâncias com Moraes e os demais ministros da Primeira Turma. O julgamento está previsto para acabar na sexta-feira.