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Brasil e Argentina assinam acordo automotivo que prevê livre comércio só a partir de 2029
Brasil e Argentina assinaram nesta sexta-feira (6) o acordo que prevê livre comércio de carros entre os dois países dentro de 10 anos.
O país sul-americano é o maior cliente da indústria brasileira nesse setor, mas as vendas têm caído com a crise econômica que o mercado argentino enfrenta nos últimos anos.
Isso tem impactado nos resultados das exportações de automóveis do Brasil, que caíram 41,5% na comparação com o mesmo período de 2018.
Na época em que o acordo atual foi fechado, em 2016, existia a expectativa do governo de que o livre comércio começasse ainda no ano que vem, quando deveria ser negociado um novo pacto. O presidente argentino, Mauricio Macri, comemorou nesta sexta o adiamento dessa relação.
A associação brasileira das montadoras, Anfavea, também considerou que o prazo será benéfico. “Embora o livre comércio só esteja previsto para entrar em vigor em julho de 2029, esse escalonamento de 10 anos traz um cenário de previsibilidade e segurança jurídica para a indústria automobilística", disse o presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes.
A regra atual tem beneficiado o Brasil, que tradicionalmente tem exportado mais do que importado da Argentina. Mas o comércio bilateral de veículos e autopeças é relevante para ambos os países.
Como é hoje
O atual acordo entre Brasil e Argentina foi assinado em 2016 e termina em junho do ano que vem. Ele prevê uma regra de comércio pela qual as exportações de um país para o outro não pode ultrapassar uma vez e meia do valor que importa do outro. É chamado sistema flex.
Como será
Pelo novo acordo, essa relação irá aumentando até chegar a 3 vezes. Ou seja, as exportações de um país poderão exceder em até 3 vezes as importações.
Isso acontecerá na seguinte graduação:
- a partir de agora, as exportações de um país podem exceder em até 1,5 vezes as importações;
- de julho de 2020 a julho de 2023, até 1,8 vezes;
- até julho de 2025, até 1,9 vezes;
- até julho de 2027, até duas vezes;
- até julho de 2028, até 2,5 vezes;
- até julho de 2029, até 3 vezes
A partir de 1º de julho de 2029, Brasil e Argentina entrarão em livre comércio, sem qualquer limite para importações e exportações entre os dois países.
"Acordo histórico com o Brasil: a indústria automotiva tem dez anos para avançar", celebrou Macri em outra postagem. Ele foi representado na cerimônia de assinatura pelo ministro da Economia, Dante Sica.
Macri destacou ainda que o acordo dará mais previsibilidade para as montadoras planejarem investimentos na região. "A cada 2 anos, tínhamos que volta a negociar (um novo acordo), complicando os investimentos de uma indústria que precisa de previsibilidade para investir. Este acordo permite à indústria automotiva se desenvolver com um horizonte claro: o da inovação e da geração de emprego de qualidade", escreveu.
O presidente argentino disse ainda que a indústria automotivo é o segundo maior complexo exportador do país, representando mais de 40% das exportações de manufaturas industriais e gerando mais de 160 mil empregos, direta e indiretamente.