Brasil

Jovem diz que foi agredido por motorista de ônibus em SP e denuncia homofobia

08/09/2019

O ator Marcello Santanna, de 23 anos, disse que foi vítima de homofobia e que foi agredido por um motorista de ônibus na manhã deste sábado (7) em Cidade Líder, na Zona Leste de São Paulo.

Segundo Santanna, o motorista parou o ônibus e falou para ele descer depois que viu o ator dando "selinhos" em outro rapaz. O ator saiu do veículo, que faz a linha 3736-10 - Jardim Nossa Senhora do Carmo-Metrô Artur Alvim (os veículos desta linha são micro-ônibus sem cobrador). Em seguida, o motorista desceu e deu um soco no seu rosto. A agressão aconteceu na Avenida Maria Luiza Americano.

"Me recusei [a descer], disse que tinha pago e perguntei qual seria o motivo pra gente sair. Ele, então, levantou, e na mesma hora resolvi não criar uma discussão e me despedi desse rapaz e da minha prima", relatou.

"Ao descer, levantei as mãos e disse 'tá tudo bem, eu vou embora'. Ele já veio nos socos, sem ao menos eu nem ter tempo pra terminar de falar. O rapaz e minha prima desceram pra me socorrer, o motorista entrou na lotação e foi embora."

Segundo o jovem, logo em seguida passou outro ônibus da mesma linha. O motorista deste segundo ônibus o levou até a delegacia, onde Santanna foi orientado a procurar atendimento médico imediato. A prima e o outro rapaz o acompanharam. "Na delegacia, foram muito solícitos, nos levaram até o Hospital Santa Marcelina", afirmou.

O rapaz pretende voltar à delegacia para registrar o boletim de ocorrência.

Em nota, a SPTrans, que administra o sistema de transporte público de São Paulo, afirmou que "já encaminhou o caso à empresa que opera a linha para que identifique o motorista e tome as providências cabíveis em relação a seu funcionário".

"Como gestora do sistema de transporte público, a SPTrans realiza junto às empresas operadoras o programa Viagem Segura, com treinamentos que incluem itens como condução segura, respeito aos passageiros, idosos e pessoas com mobilidade reduzida além de conduta durante casos de abuso. Em 2018, o programa treinou 62.739 trabalhadores entre motoristas, cobradores e fiscais", diz a o comunicado.

No relato, Santanna disse que nunca tinha passado por uma situação do tipo. Também incentiva vítimas de homofobia a fazer denúncia.

Leia, abaixo, o relato completo

"Estava voltando de um rolê, e fui agredido por um motorista de ônibus pelo simples fato de estar com um rapaz. Ele estava cuidando de mim, que meu nariz tinha começado a sangrar e depois demos alguns selinhos. O motorista então, parou a lotação e aos gritos pediu pra que saímos da lotação. Me recusei, disse que tinha pago e perguntei qual seria o motivo pra gente sair. Ele então, levantou e na mesma hora resolvi não criar uma discussão e me despedi desse rapaz e da minha prima. Ao descer, levantei as mãos e disse “tá tudo bem, eu vou embora”, ele já veio nos socos, sem ao menos em nem ter tempo pra terminar de falar. O rapaz e minha prima desceram pra me socorrer, o motorista entrou na lotação e foi embora.

Estava esperando um momento bonito pra dividir com todos minha opção sexual. Porém, devido ao fato achei necessário compartilhar e não esperar mais. Estou super bem resolvido com minha escolha, e tenho graças a Deus, o amor incondicional dos meus familiares. Se aceitar è um processo difícil, mas viver certo disso que é pior ainda. As pessoas nos julgam por andar de mãos dadas, trocar carícias em público ou pelo simples fato de querer direitos iguais como todo mundo. .

A homofobia nunca foi um assunto a ser abordado apenas como mimimi. Como eu, muitos LGBT já se sentiram agredidos de alguma forma, mas a agressão física chega a ser a mais incompreensível. O que faz uma pessoa agredir a outra por causa da escolha de vida dela? Por quê agredir um ser pelo fato dele amar outra pessoa do mesmo sexo? .

Sei que as imagens são fortes, mas notícias assim precisa ser compartilhada para mostrar o quanto a luta pela comunidade lgbt é necessária! Não pense que não existe homofobia, pq existe sim e aos muitos! Somos o país que mais mata LGBT e esse fato só me faz pensar em uma coisa: eu to aqui vivo pra contar, e quantos outros que não puderam ter a chance de contar? ATÉ QUANDO NOTÍCIA ASSIM VAMOS PRECISAR CONTAR?

Já fui ao hospital, farei cirurgia nos próximos dias porque o nariz está quebrado. Já recorri aos meus direitos, e tenho respaldo da lei.

HOMOFOBIA É CRIME! Não se omita, DENUNCIE

Agradeço aos familiares e amigos por estarem comigo nesse momento, o apoio de vocês é essencial."