Brasil
Óleo no litoral: especialista defende monitoramento contínuo de navios
21/11/2019
Navios gregos
Ao detalhar análises sobre o atual acidente, Barbosa explicou que pesquisadores do laboratório avaliaram imagens de satélite fornecidas por órgãos e empresas de monitoramento norte-americano e europeus responsáveis por controlar o tráfego marítimo e descartaram o envolvimento de cinco embarcações gregas no último grande vazamento. Ele reiterou que o derrame de óleo não teve origem no navio grego Bouboulina, alvo de uma investigação da Polícia Federal (PF). A embarcação da empresa Delta Tankers foi citada por autoridades brasileiras como responsável pelo crime ambiental. Posteriormente, as empresas responsáveis por outras quatro embarcações gregas foram notificadas a fornecer informações. “Comparando as imagens do dia 24 de julho fornecidas pela [empresa de monitoramento] Marin Traffic com a imagem do satélite Sentinel-1A, que capturou a mancha nas proximidades do Rio Grande do Norte, bem como com outros dados de satélites, concluímos que o Boubolina passou [pelo local] dois dias após [o surgimento da] mancha”, afirmou Barbosa. “Assim, concluímos que não havia nenhuma relação entre as manchas e o Boubolina e outros quatro navios-tanque gregos investigados”, disse o coordenador, revelando que uma destas embarcações, o Maran Libra, da Maran Tankers, chegou a navegar por um longo período com seu sistema de localização desligado, “mas isto não o qualificava como um navio que pudesse ter causado o derramamento”, acrescentou. Os pesquisadores concluíram que a embarcação responsável pelo derramamento teria que ter passado pelo local onde a mancha de óleo supostamente se espalhou com o sistema de localização desligado. Isto porque as imagens de satélite apontavam a presença, na região, de supostas embarcações não identificadas. “Selecionamos todos os navios que poderiam ter trafegado pela área entre os dias 24 [quando o Sentinel-1 capturou imagens da mancha nas proximidades do litoral do Rio Grande do Norte] e o dia 29, quando foram identificadas imagens de uma segunda mancha muito próxima à costa da Paraíba”, comentou Barbosa.Voyager
De acordo com o especialista, inicialmente, foram identificadas 117 embarcações. Considerando a região geográfica atingida pelo óleo, a trajetória dos navios e o fato de que, necessariamente, teria que tratar-se de navio cargueiro transportando óleo cru, os pesquisadores apontaram o Voyager I, que navega com a bandeira das Ilhas Marshall, como suspeito pelo crime. “O Lapis não tem capacidade e nem ferramentas para dizer que o Voyager é de fato o culpado [pelo derramamento de óleo], mas baseado em evidências de imagens de satélites e nos dados da Marin Traffic, chegamos a esta conclusão”, afirmou Barbosa. “Há evidências de que as manchas de óleo registradas pelo satélite se relacionam, tanto em termos de espaço quanto de tempo que o navio levaria [para percorrer a área analisada]. Durante este tempo, o navio estava com o sistema desligado, não sendo, portanto, identificado pela Marin Traffic”, acrescentou. O pesquisador afirmou que, ao comparar com a rota frequentemente percorrida, nesta ocasião particular, o Voyager I percorreu uma trajetória “muito irregular”, apresentando “evidências de que alguma incidência pode ter ocorrido durante seu trajeto”.Mais lidas
1