Brasil

RJ tem quatro mortes registradas durante temporal

01/03/2020

A forte chuva que atinge o Rio de Janeiro deixou quatro pessoas mortas, vias alagadas, casas inundadas e um rastro de destruição em diversas regiões da capital e em cidades da Região Metropolitana, principalmente Mesquita, na Baixada Fluminense.

Das quatro mortes, três foram confirmadas pelo Corpo de Bombeiros. Duas aconteceram na Zona Oeste e uma outra em Mesquita, na Baixada Fluminense. À noite, moradores de Acari, na Zona Norte da cidade, informaram que um homem de 44 anos morreu afogado na região durante o temporal. Até às 20h55, os bombeiros não confirmavam essa quarta vítima.

Na capital, a região mais afetada foi a Zona Oeste. A água invadiu casas e arrastou carros no bairro de Realengo.

Vinte e oito sirenes de 14 comunidades do Rio foram acionadas até o início da tarde deste domingo (1º).

Crivella pede para evitar áreas de risco

Por conta do temporal, o município da capital está sob estágio de alerta e a previsão é de que mais chuva atinja a cidade. O prefeito Marcelo Crivella divulgou nota sobre a situação na cidade. Ele disse que as equipes estão nas ruas e pediu que a população evitem áreas de risco.

Até as 16h00 deste domingo (1°), as principais ocorrências registradas em função do temporal foram:

  • Quatro mortes - um homem e uma idosa na Zona Oeste e, segundo moradores, um homem morreu em Acari, na Zona Norte; outro homem morreu na Baixada Fluminense
  • Alagamentos em diversas vias, com destaque para a Avenida Brasil
  • BRT interrompeu serviço em um dos corredores
  • Trens ficaram inoperantes em dois ramais
  • Em uma hora, Zona Oeste registrou metade da média histórica de chuva para março
  • Visitas foram suspensas nos presídios de Bangu por conta de alagamentos
  • 28 sirenes foram acionadas em 14 comunidades até 14h30 deste domingo
 
  • Mortes na chuva

    A primeira morte ocorreu no Tanque, onde um homem de 40 anos foi retirado sem vida dos escombros de um imóvel que desabou após deslizamento de terra, por volta das 4h25. Segundo a Defesa Civil do estado, a casa ficava na Rua Almirante Melquíades de Souza, 319.

    Pouco tempo depois, por volta das 5h58, os bombeiros foram chamados na Taquara onde uma mulher foi encontrada morta no cruzamento da Rua Apiacás com a Estrada do Tindiba. Ela foi identificada como Vânia Nunes, de 75 anos.

    Por volta das 19h30, os Bombeiros confirmaram a morte de um homem de 62 anos em Mesquita, na Baixada Fluminense. Misael Xavier, 62 anos, morreu em um desabamento na Estrada Feliciano Sodré. Não há detalhes da ocorrência, segundo a corporação.

    Segundo o Corpo de Bombeiros, quem acionou a corporação para socorro da idosa informou que ela havia sido vítima de descarga elétrica em meio à enchente, mas a informação ainda não pode ser confirmada pelos os bombeiros. Por isso, a corporação disse que ainda não pode atribuir essa morte diretamente à chuva.

    Ainda de acordo com o Corpo de Bombeiros, outro desabamento de imóvel foi registrado em Magé, na Região Metropolitana, deixando duas pessoas feridas. As vítimas foram identificadas como Maria R. Mendes, de 22 anos, e Flávio A. Pereira, de 27 anos. Ambos foram levados para o Hospital de Magé. O estado de saúde deles não foi informado.

    Vias interditadas

    Até as 11h, o Centro de Operações da Prefeitura do Rio havia registrado 93 ocorrências em função da chuva, a maioria relacionadas a alagamentos, bolsões d’água e quedas de árvores. No mesmo horário, somente a Estrada de Furnas, no Alto da Boa Vista, permanecia totalmente interditada por causa da queda de árvores.

    Na Barra da Tijuca, o mergulhão U e Y foi interditado preventivamente. Mais cedo, ele chegou a ficar alagado, impedindo a circulação de veículos.

    A Avenida Brasil, que chegou a ficar totalmente interditada desde a madrugada na altura de Irajá, na Zona Norte, já tinha a pista em direção ao Centro liberada por volta das 11h. Já a pista central estava fechada no sentido Zona Oeste, com desvio para a pista lateral.

    Sirenes acionadas

    Balanço divulgado pela prefeitura do Rio às 14h30 informou que 28 sirenes foram acionadas em 14 comunidades. São elas:

    Rocinha, Alemão, Joaquim de Queiroz, Morro da Fé, Rua Frey Gaspar, Nova Brasília, Palmeiras, Parque Alvorada, Cariri, Vila Cruzeiro, Rua Mirá, Adeus e Piancó - a maioria está localizada na região do Complexo do Alemão e Penha, na Zona Norte da cidade.

    Chuva acima do previsto

    Em Realengo, na Zona Oeste do Rio, teve chuva acima do esperado para todo o mês em menos de 24 horas, segundo a meteorologista Marlene Leal, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

    O acumulado de chuva no bairro chegou a 152 mm acima do previsto, que era 147mm. Em Jacarepaguá, também na Zona Oeste, choveu 47% do previsto.

    Ainda na Zona Oeste, choveu 47% do previsto em Jacarepaguá para todo o mês de março. O bairro registrou 116 mm acumulado de chuva no temporal entre a noite de sábado e a madrugada deste domingo quando o previsto para todo o mês era de 220 mm.

    Transporte prejudicado

    Por conta de bolsões d'água e pontos de alagamento, o BRT interrompeu a operação no corredor Transcarioca. Já nos corredores Transoeste e Transolímpica os ônibus circulam com intervalos irregulares.

    As viagens de trens também foram prejudicadas pela chuva. A Supervia interrompeu as operações nos ramais Japeri e Santa Cruz por conta de alagamentos. Os demais ramais operavam com horários irregulares.

    Zona Oeste é a mais afetada

    A Zona Oeste do Rio foi a região mais afetada pela chuva neste domingo. De acordo com o Centro de Operações da Prefeitura, até as 11h os maiores acumulados de chuva pela manhã foram registrados nas estações pluviométricas de Av. Brasil/ Mendanha (61,4 mm), Bangu (50,6 mm) e Anchieta (46,4 mm).

    Um dos bairros mais afetados na região foi Realengo. Casas foram invadidas pela água e moradores relataram que pelo menos 9 carros foram arrastados para dentro de um rio da região. De acordo com a Defesa Civil, foram 36 ocorrências no bairro.

    Morador de uma das casas contou ao G1 que o asfalto da rua foi arrancado com a força da água.

    No sábado (29), a região já havia registrado os maiores acumulados de chuva.

    Em Bangu o volume chegou a 162,8mm, o que equivale a 141% da média de chuva para fevereiro (115 mm) e 125% da média de março (129,7 mm), segundo o Centro de Operações.

    O Jardim Maravilha, em Guaratiba, também sofreu com o temporal e voltou a ser alagado. A região sempre sofre quando chove forte na cidade.

    Visitas suspensas em Bangu

    A chuva em Bangu deixou em risco os detentos do Complexo Penitenciário de Gericinó. De acordo com a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária informou que precisou suspender as visitas aos presos neste domingo.

    “Ressaltamos que a ação tem como objetivo preservar a integridade física dos visitantes e possibilitar alguns reparos necessários por conta do volume de água que afetou o local”, esclareceu a pasta.

    Ainda segundo a secretaria, a distribuição da alimentação não foi afetada e as visitas serão repostas em outra data ainda a ser definida.

    No final da tarde, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), órgão ligado à Secretaria de Estado de Ambiente e Sustentabilidade (Seas), informou que por causa do grande volume de chuva que cai desde a noite de sábado, ocorreu o transbordamento da Represa do Gericinó, atingindo principalmente bairros dos municípios de Nilópolis e Mesquita.

    O presidente do órgão ambiental estadual, Carlos Henrique Vaz, está reunido com o prefeito de Nilópolis, Farid Abraão David, e representantes da Defesa Civil local para definir as próximas ações.

    Estágio de alerta

    A capital está sob estágio de alerta, o penúltimo nível em uma escala de cinco estágios, desde as 0h20 deste domingo em decorrência do grande volume de chuva registrado na cidade. Isso significa que são previstos eventos que podem colocar em risco a população.

    A Prefeitura do Rio alertou que a previsão é de que mais chuva forte atinja a cidade ao longo do dia. De acordo com o Alerta Rio, núcleos de chuva que estão no oceano avançam sobre a cidade e já atuam sobre o litoral da Zona Oeste, provocando chuva moderada. A chuva ainda pode ser forte, principalmente no litoral da cidade.

    Recomendações à população durante estágio de alerta:

    • Adie compromissos;
    • Permaneça em local seguro
    • Só se desloque se estiver em área de risco ou em caso de extrema necessidade;
     
    • Baixada Fluminense

      Além da capital, a chuva forte levou caos também à população de cidades da Baixada Fluminense. Em Nova Iguaçu, por exemplo, a prefeitura também estabeleceu estágio de alerta. Segundo a prefeitura, há alagamentos em diversos bairros, mas nenhuma ocorrência grave havia sido registrada até o fim da manhã.

      Em Mesquita, rios transbordaram deixando diversas vias alagadas e imóveis inundados, No Bairro da Chatuba, a Rua Coronel França Leite ficou completamente destruída, com uma grande cratera ao longo da via.

      Em Queimados, a prefeitura implantou um gabinete de crise para atendimento às famílias atingidas pelo temporal. Até o começo da tarde foram registrados sete deslizamentos de massa na cidade, além de casos de inundações e alagamentos.