Brasil
Quem banca somos nós, diz ex-secretário sobre prejuízo dos Correios
Segundo dados divulgados na sexta-feira (9), prejuízo da empresa quadruplicou em 2024, alcançando R$ 2,6 bilhões

Em entrevista à CNN neste sábado (10), o ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda Márcio Holland avaliou as consequências do prejuízo de R$ 2,6 bilhões registrado pelos Correios em 2024. Segundo ele, essa é uma conta que sobrará para os próprios cidadãos.
“O cenário não é bom e quem banca isso, infelizmente, somos nós mesmos, porque isso volta para a taxa de juros alta, volta para o custo do crédito elevado. A gente está falando de um governo que está fazendo uma expansão de serviços em um momento um tanto quanto delicado para a macroeconomia”, afirmou.
Os dados publicados no Diário Oficial da União (DOU) na sexta-feira (9) mostram que o prejuízo da empresa quadruplicou quando comparado ao resultado do ano anterior.
De acordo com os Correios, uma das explicações para o resultado negativo é de que somente 15% das 10.638 unidades situadas em localidades assistidas pelos Correios alcançaram um superávit.
Holland destaca que “85% das unidades dos Correios pelo Brasil afora deram um prejuízo, e dão um prejuízo porque, de um lado, os Correios alega a necessidade de dar acesso a toda a população aos seus serviços de postagens, de encomendas em geral, entretanto, é necessário repensar o modelo de negócio”.
Para o economista, que foi secretário de Política Econômica entre 2011 e 2014, o modelo de negócios atual “está fadado a gerar prejuízo para a União recorrentemente”.
“E ainda pior, em uma situação fiscal brasileira muito ruim, você gerar um prejuízo desse de um ano para outro, quando o Brasil precisa melhorar as suas contas públicas, é uma notícia muito ruim”, acrescentou.
Transformações digitais
Na avaliação do ex-secretário, a necessidade mudança de modelo de negócios dos Correios também está associada às “grandes transformações da sociedade, chamadas transformações digitais da comunicação digital em geral”.
“Esse é um lado da história que, em grande parte, requer que os Correios passem por um processo de transformação, de mudança de modelo de negócio”, afirmou.