Cotidiano

Selma Arruda está definitivamente ‘fora’ do Senado; Comissão declara perda do mandato

15/04/2020
A Comissão Diretora do Senado decidiu na quarta-feira,05, por cinco votos a favor e um contrário, declarar a perda do mandato da senadora Juíza Selma (Podemos-MT). O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já havia cassado o mandato da parlamentar em dezembro do ano passado.     O ato ainda será lido em sessão do Plenário, prevista para quinta (16). A parlamentar e seus dois suplentes foram condenados por abuso do poder econômico e utilização ilícita de recursos para fins eleitorais, o conhecido caixa dois, conforme decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de dezembro de 2019.     Cabe agora ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre, ler o ato de declaração em Plenário durante sessão prevista para quinta-feira (16). A decisão será publicada no Diário Oficial da União (DO).   Foram cinco votos favoráveis e apenas um contrário, do senador Lasier Martins (Podemos-RS), que apresentou questão de ordem na terça-feira (14), colocando em dúvida a regularidade da reunião da comissão.   A posse do terceiro colocado, Carlos Fávaro (PSD-MT), deverá ser feita remotamente, após a apresentação do diploma, a ser emitido pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Mato Grosso, procedimento que será feito após a publicação do DO, segundo informações da Secretaria-Geral da Mesa.   Caixa dois Juíza Selma teve a cassação proferida pelo TRE-MT por caixa dois e abuso de poder econômico na campanha de 2018. O TSE confirmou a decisão em dezembro, mas o Senado precisava declarar vaga uma das cadeiras do Mato Grosso.   Em seu relatório, Eduardo, que é segundo-secretário do Senado, confirmou o entendimento do tribunal. De acordo com o senador, há alguns recursos interpostos no TSE questionando a decisão, mas que todos eles mantêm a cassação dos diplomas dos eleitos e não têm efeito suspensivo, o que demanda a imediata execução a partir da publicação, até então pendente de ação da Mesa do Senado.   Adiar a declaração de perda, segundo o senador, poderia gerar no Supremo Tribunal Federal (STF) entendimento semelhante ao caso do ex-senador cassado Expedito Filho. À época, o Senado esperou o trânsito em julgado para declarar a perda do mandato e o Judiciário entendeu que a “recusa da Mesa em cumprir a decisão consubstanciava afronta ao princípio da separação dos Poderes”.   “Trata-se então de dar cumprimento à decisão do tribunal competente para o feito. Não pode a Mesa suspender ou desatender, por motivos próprios, a essa regular decisão judicial”, explica no relatório   Questão de ordem Em defesa do mandato de Juíza Selma, o líder do Podemos, senador Alvaro Dias (PR), argumentou que a reunião remota para tratar do assunto é improcedente, já que em sua interpretação, a deliberação remota de matérias no Senado foi regulamentada apenas para o Plenário, não para colegiados como a Comissão Diretora.   Além disso, segundo Alvaro, ainda há passos a serem seguidos antes da declaração pela perda de mandato proferida pela Mesa."   — Há medidas que antecedem ao ato da Mesa relativamente à senadora Selma Arruda que ainda não foram alcançadas até este momento. Houve uma decisão monocrática do presidente do Supremo Tribunal Federal e é com base nela que se discute no Senado e na Mesa do Senado Federal a hipótese da decretação da perda de mandato da senadora. No entanto, há um recurso encaminhado ao Supremo pelo procurador Eleitoral contestando a decisão monocrática do presidente [do STF] Dias Toffoli — disse em discurso, durante a sessão remota de terça-feira (14).   Para Alvaro, não há invasão de competência neste momento. Para ele, cabe ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre, defender a instituição que preside.   — Estamos, certamente, assistindo à prudência da parte do Supremo Tribunal Federal nessa hora, que, por não se reunir presencialmente, não deseja colocar na pauta um assunto dessa natureza. Isso vale também para o Senado: nós não estamos nos reunindo presencialmente, realizar uma sessão remota com deliberação a distância para decretar a perda de mandato de uma senadora que o conquistou legitimamente, com uma votação histórica no estado do Mato Grosso, certamente não é o melhor caminho — opinou.   A Comissão Diretora é composta por Davi Alcolumbre, Antonio Anastasia (PSD-MG), Lasier Martins (Podemos-RS), Sérgio Petecão (PSD-AC), Eduardo Gomes,  Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e Luis Carlos Heinze (PP-RS), como membros titulares; e Weverton (PDT-MA), Jaques Wagner (PT-BA), Leila Barros (PSB-DF) e Marcos do Val (Podemos-ES), como suplentes.