João Carreiro, que fez dupla com Capataz, morreu na última quarta-feira (03) durante uma cirurgia cardíaca. Conhecido por hits que se tornaram trilha sonora de novelas, sua dupla foi uma das precursoras de uma vertente do gênero conhecida como sertanejo bruto.

Embora os anos 2000 tenha sido marcado pelo sertanejo universitário com a descoberta de cantores como Luan Santana e Gusttavo Lima, alguns artistas continuaram se espelhando nos velhos nomes do gênero. O nome artístico de João Carreiro, por exemplo, foi inspirado em seu ídolo, Tião Carreiro (1934-1993) e seu repertório também foi inspirado na moda de viola.

João Carreiro lançou o primeiro trabalho, chamado “Os brutos do sertanejo” ao lado de Capataz, no ano de 2009. No mesmo ano, o público conheceu uma das canções da dupla que mais marcaram a vertente e que serviriam de inspiração para outros artistas.

Em “Bruto, rústico e sistemático”, os cantores exploram a voz mais grave, sempre valorizando a viola. O romantismo moderno era o que inspirava a letra das canções e em algumas delas, o machismo estrutural e outros preconceitos como homofobia também estavam presentes. Neste sucesso da época, por exemplo, um estilo de vida mais tradicional é citado. “Minha criação é xucra”, diz parte da canção.

Nos anos seguintes, a dupla continuou compondo músicas inéditas inspiradas no sertanejo bruto. Em 2011, por exemplo, eles lançaram 21 canções para alimentarem a popularidade desta vertente, sendo 15 delas inéditas, em um projeto chamado “Lado A, Lado B”. Mas a trajetória da dupla não duraria muito tempo já que em 2013, João Carreiro decidiu se afastar dos palcos devido a problemas com sua saúde mental, rompendo a parceria com Capataz.

Legado

A popularização do sertanejo bruto nas vozes de João Carreiro e Capataz deu o aval para que outros artistas se inspirassem na vertente. Outra dupla sertaneja que ganhou espaço nacional com o mesmo estilo musical foi Jads e Jadson. Embora já cantassem em cidades menores, em 2009, com o lançamento de “Jeito Carinhoso”, eles estouraram nas paradas de sucessos.

Daí em diante, novos nomes abraçariam características da vertente, cada um a seu modo. Bruno & Barretto se tornaram conhecidos por “Farra, pinga e foguete” e também se consideravam pertencentes ao sertanejo bruto. Mas, a exigência do público amante dessa vertente mais tradicional deixou outros artistas de fora desse nicho.

Munhoz & Mariano e Fiduma & Jeca, por exemplo, dizem ter seguido os precursores dessa fase. No entanto, algumas alterações no estilo musical como a criação de coreografias como, por exemplo, da canção “Camaro Amarelo”, e a falta de regras como a presença de viola os levaram ao limite entre o sertanejo bruto e o universitário, que também dominava as paradas.

Morte de João Carreiro

Na quarta-feira (3), morreu o cantor sertanejo João Carreiro aos 41 anos de idade. O artista não resistiu às complicações de uma cirurgia no coração. A informação foi confirmada pelo perfil oficial do artista no Instagram. No mesmo dia, a esposa do cantor, Francine Caroline, postou vídeos e comentários nas redes sociais quando o marido ainda estava na sala de cirurgia.

“O coração dele já está funcionando sozinho, com a nova válvula. Começaram o procedimento para fechar a cirurgia”, comentou Francine em sua conta no Instagram, por volta das 17h de quarta-feira. A esposa de João voltou cerca de duas horas depois pedindo orações pelo marido. Durante a madrugada, Francine escreveu: “Minha vida me deixou”.

Segundo o comunicado oficial, o velório do artista será realizado nesta quinta-feira (4), na Câmara Municipal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Posteriormente, o corpo será encaminhado para Cuiabá, cidade natal de João, no Mato Grosso.