PIB recua 0,1% no 3º tri e Brasil entra em 'recessão técnica'. E agora?
O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro registrou variação negativa de 0,1% no terceiro trimestre, em relação ao trimestre anterior, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM BBC BRASIL02/12/2021
O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro registrou variação negativa de 0,1% no terceiro trimestre, em relação ao trimestre anterior, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Após queda de 0,4% no segundo trimestre (dado revisado, ante recuo de 0,1% divulgado anteriormente), o consenso dos analistas é de que a economia brasileira está estagnada e que não há perspectiva de melhora no quarto trimestre do ano, quando é esperado novo resultado próximo de zero para o PIB na comparação trimestral.
A perda de renda da população, com a inflação acima dos 10% no acumulado de 12 meses, e uma retomada do emprego puxada pela informalidade têm inibido o consumo.
Empresas e famílias também têm adiado decisões de compra e investimentos, diante da alta de juros para conter a inflação e da incerteza gerada pelas eleições presidenciais de 2022.
Com dois trimestres seguidos de PIB negativo, a economia brasileira pode ser considerada em "recessão técnica".
Mas os economistas preferem falar em estagnação, já que as quedas até agora foram pequenas e, segundo eles, mostram mais uma economia "andando de lado" do que em franca decadência como na crise de 2015-2016 ou no ano de 2020, quando a atividade foi duramente afetada pela restrição de circulação necessária para conter a pandemia do coronavírus.
Mas o que esperar de 2022? Podemos em pleno ano de eleição voltar à recessão mais aguda, com alta do desemprego?
Os economistas divergem: há quem aposte em uma pequena alta do PIB no próximo ano, quem veja a continuidade da estagnação e quem aposte sim na recessão — que seria a terceira num período de oito anos, um mal desempenho sem precedentes.
Nesse último grupo estão grandes bancos como o Itaú e o Credit Suisse, ambos com projeção de queda de 0,5% para o PIB brasileiro em 2022.
Em 2021, o consenso do mercado aponta para uma alta de cerca de 4,8% do PIB. Mas grande parte desse desempenho se deve à base de comparação fraca de 2020, quando a economia encolheu em 3,9% (o dado foi revisado de uma queda de 4,1% divulgada antes).
Entenda o que esperar para o desempenho da atividade no próximo ano.
Por que isso importa? Porque é o desempenho do PIB e do mercado de trabalho, junto à trajetória da inflação, que vão definir o bem estar da população. E isso tem influência direta na escolha que será feita nas urnas em outubro do ano que vem.
O que diz quem aposta em recessão em 2022
O Itaú foi o primeiro grande banco a passar a prever recessão em 2022, ainda em setembro deste ano.
Em sua revisão de cenário mais recente, feita em meados de novembro, o maior banco privado do país reiterou a expectativa de uma queda de 0,5% para o PIB em 2022 e reduziu sua projeção para 2021, de um crescimento de 5% para 4,7%.
"O setor de bens — indústria e comércio — já estão em contração", observa Luka Barbosa, economista do Itaú Unibanco, acrescentando que o que tem segurado a atividade é o setor de serviços, que ainda se recupera do período de maior distanciamento social.