História de MT
Intriga, traição e derrota: a bancarrota do grupo de Dante nas eleições de 2002 após ‘rechaçar’ França como candidato
Em meio a um relacionamento político conturbado marcado por intriga e traição, os dois romperam e o grupo político de Oliveira sofreu uma derrota acachapante
O final do ‘conto de fadas’ de um casamento político perfeito de dois dos maiores líderes políticos mato-grossense no início da década de 2000 em Mato Grosso teve um final triste e é lembrado até hoje. Os protagonistas: ex-governador de Mato Grosso, Dante Martins de Oliveira(falecido em 2006), e o ex-prefeito de Cuiabá, Roberto França Auad, 75 anos.
O grupo político, PSDB, capitaneado pelos dois era um dos mais sólidos e tinha o controle, além do governo de Mato Grosso, da Assembleia Legislativa, da prefeitura da capital e de 87% das prefeituras mato-grossense.
Em meio a um relacionamento político conturbado marcado por intriga e traição, os dois romperam e o grupo político de Oliveira sofreu uma derrota acachapante e uma das piores da história política mato-grossense.
Disparado nas pesquisas eleitorais em primeiro lugar, França era o candidato natural tucano em 2002 e o acordo político entre ele e Dante tinha sido amarado quatro anos antes.
Mas, Oliveira, em ações aleivosias ‘rechacou’ o nome de França, e indicou seu amigo e ex-secretário da Casa Civil, ex-senador Antero Paes de Barros, como candidato do PSDB ao governo de Mato Grosso.
O voto de não-confiança ao líder cuiabano, prospectou a eleição geral ao governo de um desconhecido. França saiu da agremiação, indicou sua esposa, Iraci França como vice e apoiou o gaúcho de Cruz Alta, Blairo Maggi, ao governo pelo PPS.
Ao deixar o PSDB, França disse a histórica frase: “Adeus, Companheiros?”.
Sua premonição o fez dizer como escreveu o cantor e compositor Belchior(já falecido), que “você não sente e nem vê, mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo, que uma nova mudança em breve vai acontecer”.
França, insistentemente relatava como o poeta dizia em outra canção, “mas é você que ama o passado e que não vê que o novo sempre vem”. Ele acreditava no novo, mesmo sabendo que todos nos prendemos ao passado.
Aos poucos, na época, vieram à tona as razões da decisão de Dante - que tirava da corrida a principal figura do partido ao Palácio Paiaguás: é que era o seu principal parceiro.
Dante tinha decidido, de última hora, lançar outro nome, após concluir que o ex-prefeito de Cuiabá “não era o homem certo para o cargo”.
Sem maiores detalhes, para alguns analistas político, a escolha de Dante foi considerado uma “facada nas costas”.
No final das eleições de 2002, Antero Paes de Barros, do PSDB, teve 360.069 mil votos e foi derrotado no primeiro turno para Blairo Maggi, do PPS, que teve 618.740 mil votos. Dante, por sua vez, foi derrotado ao Senado e perdeu para Jonas Pinheiro, do PFL, que teve 612.082 mil votos e para a candidata do PT, Serys Slhessarenko, que conquistou 574.563 mil votos e ficou com a segunda vaga ao Senado.
Após as derrotas, em 2002, o PSDB nunca mais conseguiu ganhar o Governo de Mato Grosso e nem a Prefeitura de Cuiabá e milhares de seus líderes deixaram a agremiação.
Na política, a frustração provocada pela traição, geralmente vem da decepção e pelo abandono, aquela que é parte da realização de um sonho.
O cantor Belchior, na música Divina Comédia Urbana, fala da expectativa gerada por essa pessoa, alguém que chega “como um sol no quintal” no momento angustiante da decisão, como “um goleiro na hora do gol”.
E quando essa pessoa não corresponde às expectativas, a decepção transforma a derrota em abatimento e acaba por personalizar a mágoa pela promessa e expectativa não cumprida.
A verdade é que a confiança fundadora da solidariedade partidária e a confiança como base da relação entre o líder e seus seguidores são construídas e mantidas através dos mesmos símbolos e projetos.
Isto é função, do fato de que aqueles que se encontram vinculados como líder e seguidor são, em um plano mais geral ou mais básico de sua relação, companheiros.