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Medina e Chianca avançam às oitavas nos Jogos Olímpicos; Toledo cai para repescagem
Seis surfistas brasileiros brigam por medalha nos Jogos de Paris, que estão sendo realizados em Teahupoo, na Polinésia Francesa
A 15 mil km de Paris, local de quase todas as competições das Olimpíadas, seis brasileiros brigam pela medalha de ouro do surfe. Em Teahupoo, na Polinésia Francesa, uma das ondas mais perigosas e espetaculares do mundo, Gabriel Medina, Filipe Toledo, João Chianca, Tatiana Weston-Webb, Luana Silva e Tainá Hinckel representam o Brasil nos Jogos Olímpicos no único esporte disputado fora da França. Logo no primeiro dia da janela, Filipinho foi o primeiro brasileiro a entrar na água, mas caiu para a repescagem. Logo em seguida, Medina e Chumbinho mostraram sintonia com o mar e avançaram direto às oitavas de final.
Medina avança às oitavas nos Jogos Olímpicos — Foto: Getty Images
Dos 21 países representados no surfe dentro dos Jogos Olímpicos, o Brasil chega com a maior delegação. Único país com seis competidores em Teahupoo, o Brasil vai em busca do segundo título. Italo Ferreira foi o primeiro e único medalhista de ouro na história do surfe, esporte que é disputado pela segunda vez nas Olimpíadas. Nesta edição dos Jogos, o Comitê Olímpico Internacional escolheu não colocar as disputas do surfe na França pela má qualidade das ondas nesta época do ano.
O primeiro round do campeonato conta com oito baterias de três surfistas, sendo que o primeiro lugar avança direto ao round 3 (oitavas) e os outros dois caem para a repescagem (round 2). O dia começou com as disputas masculinas na água e vai fechar com Tatiana Weston Webb, Luana Silva e Tainá Hinckel competindo no primeiro round feminino. Pela previsão do mar, as repescagens do masculino e do feminino deve acontecer neste domingo.
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Filipe Toledo na primeira bateria dos Jogos Olímpicos — Foto: REUTERS/Carlos Barria
Filipe Toledo tirou um ano sabático do Circuito Mundial de Surfe no início desta temporada. O paulista resolveu dar um tempo das competições oficiais da WSL para cuidar da saúde mental. Enquanto estava fora dos torneios, o atual bicampeão mundial se preparou para representar o Brasil nos Jogos de Paris, disputados em Teahupoo.
Filipe Toledo tenta passar por dentro do tubo, fica preso e perde a prioridade
Neste sábado, o brasileiro entrou na terceira bateria do primeiro round nos Jogos Olímpicos contra o japonês Kanoa Igarashi, algoz de Medina nas Olimpíadas de Tóquio, e o peruano Alonso Correa. Filipinho teve uma oportunidade no início da disputa, mas caiu dentro do tubo e pontuou apenas 0.93. Enquanto isso, o peruano pegou uma onda espetacular, faz 8.50 e assumiu a liderança da bateria.
Faltando dez minutos de bateria, Alonso ainda seguia em primeiro lugar e Kanoa em segundo com uma nota 4.17. Até então em terceiro, Filipinho entrou em uma boa onda e pegou um tubo profundo. Brasileiro tirou 6.23 e passou para a segunda colocação. Como o peruano tinha uma combinação de notas altas, Toledo e Kanoa caíram para o round 2, repescagem da competição.
Filipe Toledo pega tudo espetacular e entra no jogo no fim da bateria
- Exatamente. Os primeiros cinco, dez minutos da bateria foram cruciais ali. Eu tive um erro na primeira onda que eu fui da série achando que ia ser uma onda boa, a onda acabou espremendo um pouco, isso me deixou sem a prioridade para as ondas que vieram que o Alonso pegou. Um erro ali que a gente não pode cometer, né? A gente viu o quanto é importante começar a bateria bem - disse Filipe Toledo.
- Teve uma segunda onda também que eu caí, ela foi um pouco menor, mas foi até mais longa assim. Eu acabei caindo, de repente seria uma outra nota boa. E aí fiz o meu 6, e meio que voltei para a bateria, pensando que ia ser uma onda só. Mas o mar completamente parou, não veio mais nenhuma onda, mas é isso. Vamos manter a energia lá em cima, damos mais uma chance aí e vamos concluir - concluiu.
- Alonso Correa (PER) 14.83 (8.50 + 5.83)
- Filipe Toledo (BRA) 7.63 (6.23 + 1.40)
- Kanoa Igarashi (JAP) 4.17
Medina avança às oitavas
Gabriel Medina em ação no Taiti — Foto: Reuters
O retrospecto de Gabriel Medina em Teahupoo é impressionante. Desde 2014, o pior resultado do tricampeão mundial nas ondas perigosas do Taiti foi um 3º lugar. Com dois títulos na onda pelo Circuito Mundial de Surfe (2014 e 2018), o paulista entra na competição como um dos favoritos à medalha de ouro. Medina entrou na quarta bateria do primeiro round dos Jogos Olímpicos, logo depois da disputa de Toledo. Com poucas ondas nos primeiros minutos, a bateria começou com notas baixas, mas o brasileiro mostrou seu vasto conhecimento das ondas de Teahupoo e logo alcançou a liderança com duas notas boas (7.17 e 6.33). O japonês Connor O`Leary e o salvadorenho Bryan Perez não conseguiram achar duas notas altas e caíram para a repescagem. O tricampeão mundial da WSL avançou direto ao round 3 das Olimpíadas.
- Tive que usa a estratégia de prioridade. Consegui duas ondas boas no começa e fui mais controlando a bateria. O surfe também é feito disso. Fico feliz de ter passado a bateria e vamos para o próximo round. Eu trouxe o meu padrasto, o Charlão. Fico feliz de ter trazido ele depois de alguns anos que a gente não estava junto trabalhando. É uma oportunidade muito grande e eu quero deixar ele orgulhoso - comemorou Gabriel Medina.
- Gabriel Medina (BRA) - 13.50 (7.17 + 6.33)
- Connor O'Leary (JAP) - 9.93 (6.20 + 3.73)
- Bryan Perez (ELS) - 7.53 (4.03 + 3.50)
Chianca avança às oitavas nos Jogos Olímpicos
Chianca avança às oitavas nos Jogos Olímpicos — Foto: REUTERS/Carlos Barria
"A gente venceu uma etapa difícil da vida e estamos todos muito emocionados". Antes de João Chianca entrar na água, a mãe do atleta estava apreensiva para o início da disputado e se emocionou com a participação do filho nos Jogos. Chumbinho sofreu um acidente grave em Pipeline, no Havaí, em dezembro do ano passado e passou por uma recuperação longa e difícil. Ficou uma semana para mexer os pés depois da queda, mas mostrou resiliência e voltou a competir a tempo para os Jogos Olímpicos.
- O que eu tenho feito para me acalmar e me concentrar ao máximo para chegar lá e conseguir explorar todo o meu potencial. Todos nós somos favoritos e temos grandes condições tanto competitivas e quanto de habilidades dentro dessa onda. Mas acredito que somente alguns conseguem aproveitar aqueles 30 minutos para dar o seu melhor e atingir o máximo do seu potencial e da sua performance. Eu espero que eu faça ser esse evento bem longo explorando o meu potencial nas baterias - disse Chianca após a classificação.
A quinta bateria do dia começou bem devagar nas notas. Os surfistas não encontrar boas ondas no início da disputa, até João Chianca surfar dois tubos medianos, mas que colocaram o brasileiro na liderança faltando dez minutos. O neozelandês Billy Stairmand não se achou no mar, e o marroquino Ramzi Boukhiam chegou perto de virar a bateria, mas ficou em segundo. Chumbinho terminou em primeiro e avançou às oitavas de final.
- João Chianca (BRA) 10.07 (5.67 + 4.40)
- Ramzi Boukhiam (MAR) 9.76 (4.93 + 4.83)
- Billy Stairmand (NZL) 5.53 (3.33 + 2.20)
Resultados do primeiro round masculino
- Ethan Ewing (AUS) 9.90 x Tim Elter (ALE) 4.00 x Jordy Smith (AFS) 7.60
- Joan Duru (FRA) 13.84 x Jack Robinson (AUS) 13.36 x Matthew McGillivray (AFS) 5.26
- Alonso Correa (PER) 14.83 x Filipe Toledo (BRA) 7.63 x Kanoa Igarashi (JAP) 4.17
- Gabriel Medina (BRA) 13.50 x Connor O'Leary (JAP) 9.93 x Bryan Perez (ELS) 7.53
- Ramzi Boukhiam (MAR) 9.76 x Billy Stairmand (NZL) 5.53 x João Chianca (BRA) 10.07
- Andy Criere (ESP) 12.00 x John John Florence (EUA) 17.33 x Alan Cleland (MEX) 14.34
- Kauli Vaast (FRA) 13.63 x Lucca Messinas (PER) 11.10 x Griffin Colapinto (EUA) 17.03
- Rio Waida (IND) 5.74 x Leonardo Fioravanti (ITA) 8.87 x Reo Inaba (JAP) 12.76