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A estratégia para o debate decisivo: como Kamala e Trump podem aproveitar pontos fracos um do outro

Ainda desconhecida por parte dos eleitores, democrata tem que desviar de armadilhas lançadas por republicano, que deverá se concentrar em angariar votos do público feminino

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM G1 10/09/2024
A estratégia para o debate decisivo: como Kamala e Trump podem aproveitar pontos fracos um do outro
Donald Trump e Kamala Harris disputam a eleição presidencial dos EUA | REUTERS/Jonathan Drake e Kevin

No primeiro e talvez o último confronto entre os candidatos à Casa Branca, Kamala Harris precisa arrasar e livrar os democratas do trauma do debate em junho, quando o desempenho catastrófico do presidente Joe Biden foi determinante para a reviravolta na chapa democrata. Donald Trump precisa sair da posição defensiva a que foi lançado, depois que a nova adversária entrou na disputa, e angariar, sobretudo, o apoio de mulheres.

A democrata ainda é desconhecida para 28% dos eleitores, mostrou a última pesquisa do “New York Times” com o Sienna College, na qual o republicano lidera no voto popular por apenas 1 ponto percentual. Para eles, que dizem querer aprender mais sobre ela, Kamala tem a missão de se apresentar e brilhar, sem cair em armadilhas lançadas pelo adversário ou derrapar em gafes.

As pesquisas vêm mostrando que, apesar do entusiasmo gerado pela nova chapa democrata, a candidata ainda não decolou e tomou distância de seu oponente.

Em sua terceira disputa presidencial, Trump é figurinha fácil em debates. Resta saber em que versão se apresentará — raivoso ou contido — no duelo desta noite, organizado pela ABC News, na Filadélfia. “Acho que ele vai mentir muito. Não há limite para demonstrar o quão baixo ele é”, apostou a vice-presidente em entrevista ao apresentador Rickey Smiley.

Outra dúvida é se, com os microfones silenciados enquanto o outro fala, a candidata democrata estará preparada para contestar rapidamente o rol de mentiras que serão proferidas pelo adversário.

Para cumprir a missão de conquistar o público feminino, o ex-presidente deveria evitar as habituais grosserias. Ao chamar insistentemente Kamala de lunática, radical de esquerda, burra e incompetente, ele demonstra um repertório já gasto e destinado somente a seu reduto de seguidores.

Em vez de se concentrar nos pontos fracos do atual governo, Trump escorrega ao apresentar dados falsos e mirabolantes, como o de equiparar imigrantes a criminosos e o de assegurar que os estados comandados por democratas permitem abortos aos 9 meses.

É esperado que Kamala mantenha esta noite o mantra de virar a página da divisão, unir o país e traçar um novo caminho. Como vice-presidente, sua posição torna-se difícil, ao ter que defender um governo do qual faz parte e, ao mesmo tempo, propor mudanças.

Não por acaso, no fim de semana, sua campanha tentou dissipar as críticas de que é vaga em propostas, publicando no site da candidata uma lista de medidas econômicas e projetos nas áreas de imigração e segurança.

No terreno turbulento em que se transformou a eleição americana, será mais bem-sucedido esta noite quem souber se preservar e explorar as vulnerabilidades de seu concorrente. Nesse sentido, o esforço de Kamala será maior, a fim de consolidar o seu papel como agente da mudança.