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Trump diz que acredita que palestinos podem viver em terras do Egito e da Jordânia; rei jordaniano reforça solução de dois Estados
Presidente dos EUA recebeu o rei Abdullah 2º na Casa Branca para discutir questão palestina. Ele havia defendido anexação da Faixa de Gaza por Washington e a limpeza étnica de palestinos que vivem no território, sem direito de retorno
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O presidente dos EUA, Donald Trump, disse nesta terça-feira (11) que acredita que os palestinos podem ser realocados em terras da Jordânia e do Egito. Ele recebeu o rei Abdullah 2º da Jordânia na Casa Branca — o monarca defendeu a solução de dois Estados.
Nos últimos dias, Trump tem defendido a anexação da Faixa de Gaza, cuja infraestrutura foi destruída pela guerra entre Hamas e Israel. Pelos planos do Republicano, os EUA assumiriam o território para construir uma espécie de "Riviera do Oriente Médio" — os palestinos, por outro lado, não teriam direito de retorno, uma manobra vista como limpeza étnica pela comunidade internacional.
"Não há nada o que comprar", disse Trump, sobre Gaza. "Vamos tomá-la, vamos mantê-la, vamos valorizá-la."
Trump disse que a Jordânia e o Egito acabariam concordando em abrigar os deslocados de Gaza. Ambos os países dependem de Washington para ajuda econômica e militar.
"Acredito que teremos um pedaço de terra na Jordânia. Acredito que teremos um pedaço de terra no Egito", disse Trump. "Podemos ter outro lugar, mas acho que quando terminarmos nossas conversas, teremos um lugar onde eles viverão muito felizes e muito seguros."
O presidente afirmou que seu plano resultará na criação de "vários" empregos no Oriente Médio.
Sobre a anexação de Gaza por Washington, o rei da Jordânia afirmou que essa era uma questão que seria analisada posteriormente.
Abdullah 2º afirmou, em uma postagem na rede social X, que seu país é contrário à realocação de palestinos de Gaza e da Cisjordânia.
"Alcançar a paz justa com base na solução de dois Estados é a maneira de garantir a estabilidade regional. Isso requer liderança dos EUA. O presidente Trump é um homem de paz. Ele foi fundamental para garantir o cessar-fogo em Gaza. Esperamos que os EUA e todas as partes interessadas garantam que ele se mantenha", disse o rei jordaniano.
O governo do Egito reafirmou sua rejaição a qualquer proposta de realocação de residentes de Gaza.
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A Jordânia já abriga atualmente mais de 2 milhões de refugiados palestinos em seu território, onde vivem 11 milhões de habitantes, e seu status e número há muito tempo são uma fonte de ansiedade para a liderança do país.
Amã, que depende muito de Washington para assistência militar e econômica, também está se recuperando da pausa de 90 dias na ajuda humanitária de Trump. Israel e Egito receberam isenções, mas o US$ 1,45 bilhão que a Jordânia recebe a cada ano permanecem congelados, aguardando uma revisão da administração Trump de toda a ajuda estrangeira.
O rei Abdullah "está em uma posição muito, muito vulnerável, onde os EUA têm muita influência", disse Ghaith Al-Omari, membro sênior do "think tank" Washington Institute for Near East Policy.
Mas a assistência dos EUA a Amã "não é caridade", disse Al-Omari, explicando que a Jordânia hospeda tropas e Força Aérea dos EUA, é um importante parceiro de compartilhamento de inteligência para Washington, e que seu tratado de paz com Israel, assinado em 1994, é essencial para a estabilidade da região.
"O rei esperaria que isso fosse um contraponto à influência que o presidente tem", disse Al-Omari.
Cessar-fogo em crise
Em relação à crise entre Israel e Hamas, surgida após o grupo terrorista dizer que Tel Aviv havia violado o cessar-fogo, Trump afirmou não acreditar que os reféns israelenses sejam soltos no próximo sábado (15).
A tensão entre Hamas e Israel também aumentou após declarações de Trump sobre anexação de Gaza. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que vai encerrar o cessar-fogo caso os reféns não sejam devolvidos na data prevista.