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Reino Unido anuncia empréstimo de R$ 19 bi à Ucrânia após conflito entre Zelensky e Trump
O Reino Unido anunciou um empréstimo de £ 2,26 bilhões (cerca de R$ 19 bi, na cotação atual) à Ucrânia para ajudar nos esforços de guerra contra a Rússia

O Reino Unido anunciou um empréstimo de £ 2,26 bilhões (cerca de R$ 19 bi, na cotação atual) à Ucrânia para ajudar nos esforços de guerra contra a Rússia.
O acordo acontece um dia depois da acalorada discussão entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, na sexta-feira (28/3), que suscitou uma série de respostas de líderes europeus em apoio à Ucrânia.
A reunião entre Trump e Zelensky se transformou em um confronto verbal diante das câmeras da imprensa no Salão Oval da Casa Branca.
Trump e seu vice-presidente, JD Vance, exigiram que o presidente ucraniano mostrasse mais gratidão pelos anos de apoio dos EUA.
Zelensky também foi acusado de estar "jogando com a Terceira Guerra Mundial" ao não trabalhar mais por um cessar-fogo com a Rússia. Ele negou a afirmação, e suas contrapartes americanas responderam que ele estava sendo "desrespeitoso".
O ucraniano acabou sendo instruído a deixar a Casa Branca mais cedo e uma entrevista coletiva ao lado de Trump foi cancelada.
O acordo, pelo qual Zelensky cederia a Washington a exploração dos recursos minerais de seu país em troca de algum tipo de apoio ou garantias de segurança contra a Rússia no conflito que começou em fevereiro de 2022, não foi assinado.
'Estamos com a Ucrânia', diz primeiro-ministro britânico
Horas depois da discussão com Trump, Zelensky viajou para o Reino Unido para uma reunião com o primeiro-ministro Keir Starmer.
Logo após cumprimentar o presidente ucraniano, Starmer reiterou o apoio do Reino Unido à Ucrânia, e disse: "Estamos com a Ucrânia pelo tempo que for preciso."
Ele também falou em "determinação inabalável" para alcançar uma paz duradoura para a Ucrânia.
Zelensky agradeceu Starmer pelo apoio e confirmou que fará uma reunião com o Rei Charles 3° no domingo (2/3).
"Estamos felizes em ter esses parceiros e amigos", afirmou Zelensky.
A delegação ucraniana também participará de uma cúpula de líderes europeus organizada por Starmer no domingo (2/3).
Logo após a reunião com Starmer, Zelensky classificou o encontro como "significativo e caloroso".
Ele também comemorou o acordo anunciado de um empréstimo no valor de £ 2,26 bilhões (R$ 19 bi) para a Ucrânia.
"Este empréstimo aumentará as capacidades de defesa da Ucrânia e será pago por meio de receitas de ativos russos congelados", escreveu o presidente no X (antigo Twitter).
"Os fundos serão direcionados para a produção de armas na Ucrânia. Esta é a verdadeira justiça — aquele que começou a guerra deve ser quem pagará por isso. Agradeço ao povo e ao governo do Reino Unido pelo tremendo apoio desde o início desta guerra."
"Estamos felizes em ter esses parceiros estratégicos e compartilhar a mesma visão de um futuro seguro para todos", complementou ele.

Crédito,Reuters
Discussão sem precedentes
A discussão televisionada entre Trump, Vance e Zelensky foi considerada sem precedentes por analistas.
E para o editor de Internacional da BBC, Jeremy Bowen, sinaliza uma crise perigosa entre EUA e Europa.
"A partir de agora, haverá muito mais dúvidas e perguntas sobre o compromisso dos EUA com a segurança europeia fora da Ucrânia. A maior delas é se o presidente Trump manterá a promessa que seu antecessor Harry Truman fez em 1949 de tratar um ataque a um aliado da Otan como um ataque à América", avalia Bowen.
"Se Trump seguir o colapso das negociações com um congelamento da ajuda militar, a Ucrânia continuará lutando. A questão é o quão efetivamente e por quanto tempo."
"A pressão sobre os aliados europeus da Ucrânia deve dobrar a partir de agora, para compensar a situação."
Em meio ao contexto mundial delicado, confira a seguir as mensagens de apoio enviadas por lideranças europeias à Ucrânia.
"Seja forte, seja corajoso, não tenha medo"
O presidente francês, Emmanuel Macron, que se encontrou com Trump no início desta semana, disse que o agressor é a Rússia e a vítima é a Ucrânia.
"Há um agressor: a Rússia. Há uma vítima: a Ucrânia. Estávamos certos em ajudar a Ucrânia e em sancionar a Rússia há três anos - e em continuar a fazê-lo".
O chanceler alemão, Olaf Scholz, também escreveu no X que "ninguém quer a paz mais do que os ucranianos", antes de acrescentar que "a Ucrânia pode confiar na Alemanha e na Europa".
Já Friedrich Merz, que é cotado para suceder Scholz como líder alemão, disse que está com a Ucrânia e Zelensky "nos bons e maus momentos".
"Nunca devemos confundir o agressor com a vítima nesta guerra terrível", afirmou Merz.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, disse que é necessária uma "reunião imediata" entre os EUA, a Europa e os seus aliados para discutir a guerra na Ucrânia

Crédito,Getty Images
Já a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a "dignidade" de Zelensky "honra a bravura do povo ucraniano".
"Seja forte, seja corajoso, não tenha medo", escreveu nas redes sociais.
"Você nunca está sozinho, querido presidente. Continuaremos trabalhando com você para uma paz justa e duradoura"

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A ministra das Relações Exteriores da UE, Kaja Kallas, escreveu: "A Ucrânia é a Europa! Nós apoiamos a Ucrânia."
"Aumentaremos nosso apoio à Ucrânia para que ela possa continuar a lutar contra o agressor. Hoje ficou claro que o mundo livre precisa de um novo líder. Cabe a nós, europeus, assumir esse desafio", escreveu ela no X (antigo Twitter).
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, escreveu uma curta mensagem em espanhol, inglês e ucraniano: "Ucrânia, a Espanha está com você".
"A Suécia está com a Ucrânia. Eles não estão lutando apenas por sua liberdade, mas pela liberdade de toda a Europa. Slava Ukraini!", disse ainda gabinete do primeiro-ministro sueco Ulf Kristersson.
O primeiro-ministro da Polônia, vizinha da Ucrânia, também se manifestou. "Caro Zelensky, queridos amigos ucranianos: vocês não estão sozinhos!", escreveu Donald Tusk.
O líder norueguês Jonas Gahr Støre também acrescentou seu apoio: "Apoiamos a Ucrânia em sua luta justa por uma paz justa e duradoura."

Respostas também vieram de fora da Europa.
Do Canadá, o primeiro-ministro Justin Trudeau disse que "a Rússia invadiu a Ucrânia ilegal e injustificadamente".
"Os ucranianos vêm lutando há três anos com coragem e resiliência. Sua luta por democracia, liberdade e soberania é uma luta que importa para todos nós. O Canadá continuará a apoiar a Ucrânia e os ucranianos para alcançar uma paz justa e duradoura", disse ele.
Em resposta a essas e uma dúzia de outras mensagens, Zelensky respondeu via X com um "obrigado pelo seu apoio".
Já a Rússia se pronunciou por meio da porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova.
Ela acusou Zelensky de mentir durante seu encontro com Trump, acrescentando que foi "um milagre como Trump e Vance se contiveram e não socaram" o ucraniano.
Lula fala em 'humilhação' e 'cena grotesca'
Neste sábado (1/3), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou a jornalistas que o bate-boca na Casa Branca foi "uma cena grotesca".
"Eu sinceramente não sou diplomata. Mas acho que a diplomacia, desde que o planeta Terra foi criado, desde que a diplomacia foi criada, não se via uma cena tão grotesca, tão desrespeitosa como aquela que aconteceu no Salão Oval da Casa Branca", declarou ele.
"Acho que o Zelensky foi humilhado, acho que, na cabeça do Trump, o Zelesnky merecia isso e acho que a União Europeia foi prejudicada."
Para Lula, que está no Uruguai para a posse do novo presidente Yamandu Orsi, "não é possível falar em democracia se não há respeito ao outro ser humano".
O presidente também disse esperar que todo mundo tenha "aprendido uma lição".
"É bem possível que a Europa fique responsável pela manutenção da Otan e é bem possível que a Europa seja responsabilizada pelo desastre que está acontecendo. Quando, na verdade, não é um problema de nenhum país. É um problema de responsabilidade de gente que não quer discutir a paz e que prefere discutir guerra", detalhou ele.
"Eu espero que agora todo mundo tenha aprendido uma lição. Somente a paz é capaz de trazer ao mundo a normalidade e a gente viver com prosperidade e com distribuição de riqueza para o nosso povo."
Lula voltou a defender o diálogo entre Rússia e Ucrânia e repetiu que "muito dinheiro" foi gasto nessa guerra.
"Acho que não tem paz se não houver participação dos dois presidentes que estão em conflito. É preciso tomar uma decisão correta se o mundo quer paz, acho que o mundo precisa de paz", concluiu ele.

Crédito,Reuters
'Momento decisivo para nova arquitetura'
Para a correspondente-chefe da BBC, Lyse Doucet, este é um momento "decisivo para tentar criar uma nova arquitetura" de apoio no mundo.
Segundo ela, o choque que tomou conta do globo após a discussão no Salão Oval está aos poucos sendo substituído "pela respiração profunda necessária para encontrar uma saída para esse impasse perigoso".
"A Ucrânia sabe, apesar de todas as suas perdas dolorosas nesta guerra, da urgência de manter os Estados Unidos ao seu lado. O mesmo acontece com a Europa, que agora se esforça para aumentar seu próprio apoio à sitiada Kiev", avalia.
"O presidente Trump, que se orgulha de ser o melhor pacificador do mundo, precisa da Ucrânia para fechar qualquer acordo."
Segundo a jornalista da BBC, a acusação furiosa do líder americano, compartilhada por seus fervorosos apoiadores, de que o presidente Zelensky "desrespeitou" os Estados Unidos não será facilmente esquecida ou perdoada.
"Mas há muitos que culpam o presidente Trump e sua equipe por repreender, até mesmo aprisionar, um líder que luta não apenas por seu país, mas pelos fatos da invasão em grande escala da Rússia e pelas garantias de segurança necessárias para detê-la."
"Velhas alianças e suposições não são apenas destruídas, as peças não se encaixam mais. Agora é um momento decisivo para tentar criar uma nova arquitetura."