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A volta do papa Francisco ao Vaticano após mais de 1 mês no hospital e 2 crises em que sua vida correu risco
Com um aceno, o pontífice disse 'Obrigado a todos' para os presentes e deixou o local no banco dianteiro de um carro

Após 37 dias de internação, o papa Francisco recebeu alta do hospital Gemelli de Roma neste domingo (23), informou o Vaticano.
Antes da liberação médica, o líder religioso de 88 anos apareceu em uma janela do hospital e acenou cumprimentos a fiéis. Pouco depois, ele apareceu novamente, dessa vez de alta hospital.
Com um aceno, o pontífice disse 'Obrigado a todos' para os presentes e deixou o local no banco dianteiro de um carro.
Francisco se recupera de uma pneumonia bilateral — quando a doença acomete os dois pulmões — e precisará de pelo menos dois meses de repouso no Vaticano após deixar o hospital.
Luigi Carboni, um dos médicos responsáveis pelo acompanhamento da evolução clínica do Pontífice no hospital, explicou à imprensa italiana as restrições e prescrições necessárias para a recuperação do paciente.
O Papa não poderá ter contato com crianças nem receber grandes aglomerações de pessoas, a fim de evitar o risco de infecções virais. Além disso, o Pontífice continuará a receber oxigênio por meio de cânulas e seguirá com terapias motoras e respiratórias, visando recuperar a sua autonomia vocal.

Crédito,Vaticano
No sábado (22/3), ao informar que o papa teria alta no dia seguinte, um dos médicos que tratam do líder religioso afirmou que, nas últimas cinco semanas, ele apresentou "dois episódios muito críticos" onde sua "vida esteve em perigo".
Francisco, no entanto, nunca foi intubado e sempre permaneceu alerta e orientado, disse Sergio Alfieri a jornalistas.
Francisco só foi visto pelo público uma vez durante o período em que esteve internado no hospital, desde 14 de fevereiro, em uma fotografia divulgada pelo Vaticano na semana passada, que mostrou ele rezando em uma capela do hospital.
O Vaticano havia dito na sexta-feira que a condição do papa estava melhorando, embora uma autoridade tenha dito que ele pode ter que "reaprender a falar" após seu uso prolongado de terapia de oxigênio de alto fluxo.
"O papa está muito bem, mas o oxigênio de alto fluxo seca tudo. Ele precisa reaprender a falar, mas sua condição física geral é como era antes", disse o cardeal Victor Fernandez na sexta-feira, segundo a agência de notícias Reuters.
O Vaticano acrescentou na sexta-feira que a condição do papa era estável, com algumas melhorias na respiração e na mobilidade.
Confirmou também que ele não usa mais ventilação mecânica para respirar à noite, mas estava recebendo oxigênio por meio de um pequeno tubo sob o nariz.

Crédito,Assessoria de imprensa do Vaticano
No início deste mês, uma gravação de áudio do papa Francisco falando em seu espanhol nativo foi tocada na Praça de São Pedro, na Cidade do Vaticano.
Sua voz estava ofegante enquanto ele agradecia aos fiéis católicos por suas orações.
O cardeal Fernandez, que é chefe do escritório doutrinário do Vaticano, rejeitou as especulações de que o pontífice seguiria seu antecessor Bento 16 e renunciaria ao papado.
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Desde a internação, os boletins de saúde divulgados pelo Vaticano informam que Francisco ficou "comovido" com todas as manifestações de carinho e melhoras que recebeu, e "especialmente tocado" com as mensagens das crianças.

Crédito,Reuters
Os 38 dias de hospital
O líder católio foi hospitalizado em 14 de fevereiro após apresentar dificuldades respiratórias — e inicialmente tratado para bronquite antes de ser diagnosticado com pneumonia em ambos os pulmões.
Segundo os médicos que trataram o religioso, o quadro foi provocado por uma infecção polimicrobiana, causada por vírus, bactérias e fungos.
De acordo com especialistas médicos, idosos são mais suscetíveis ao quadro devido à diminuição natural da resposta imunológica, tanto no sistema imunológico geral quanto na resposta local nos brônquios.
Durante a internação, o pontífice apresentou dois episódios de insuficiência respiratória e foi submetido à "ventilação mecânica não invasiva".
O líder católico de origem argentina sofreu vários problemas de saúde nos últimos dois anos. Ele é propenso a infecções pulmonares, já que desenvolveu pleurisia (uma inflamação do revestimento dos pulmões e do tórax) quando era jovem, o que levou à remoção de parte de um dos seus pulmões.
Os médicos do papa acreditam que ele deve enfrentar uma longa recuperação, devido à sua idade e histórico médico.

Crédito,Reuters
O Gemelli, o hospital universitário católico onde o papa esteve internado nos últimos 38 dias, foi inaugurado na década de 1960. Com mais de 1,5 mil leitos, é um dos maiores hospitais privados da Europa.
Construído em um terreno doado pelo Papa Pio 11 ao teólogo e médico Agostino Gemelli em 1934, o hospital ficou conhecido como o "Hospital do Papa".
Isso porque, em 25 anos de pontificado, o falecido João Paulo 2º foi internado no Gemelli cerca de 10 vezes, algumas delas por longos períodos.
João Paulo 2º chegou a apelidá-lo de "Vaticano Três" — sendo a Praça de São Pedro o "Vaticano Um" e a residência papal em Castel Gandolfo, o "Vaticano Dois".
Na década de 1980, o Gemelli criou uma ala especial para receber pontífices, que continua em uso até hoje.
O Papa Francisco já foi tratado no Gemelli várias vezes.
Em 2013, ele passou por uma cirurgia no cólon. Em março de 2023, recebeu tratamento para bronquite infecciosa e, mais tarde naquele ano, fez uma cirurgia para corrigir uma hérnia intestinal.
Ele frequentemente agradece à sua equipe médica e aos demais trabalhadores do hospital.
Ao final de uma de suas internações, batizou um recém-nascido e compartilhou um jantar de pizza com seus médicos, enfermeiros, assistentes e pessoal de segurança do Vaticano.