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Papa Francisco tem pneumonia bilateral, diz Vaticano
Em comunicado, o Vaticano informa que o pontífice segue com um quadro clínico considerado “complexo”
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Em novo boletim médico, divulgado nesta terça-feira (18), o Vaticano atualizou o estado de saúde do Papa Francisco, informando que o pontífice tem “pneumonia bilateral”. No comunicado, a Santa Sé informa que o papa segue com um quadro clínico considerado “complexo”, mas continua bem-humorado.
A pneumonia bilateral é uma infecção causada por bactérias, vírus ou fungos que afeta ambos os pulmões.
“O pulmão do lado direito é dividido em três partes; o do lado esquerdo é dividido em duas partes. Então, eu posso ter uma pneumonia grave disseminada de um pulmão só, que passou da parte de cima, para a parte média e a parte de baixo; e eu posso ter uma pneumonia dos dois lados, que não seja até tão grave quanto a unilateral. O fato de seu bilateral é que tem o acometimento do pulmão esquerdo e direito”, explica Marcelo Rabahi, médico pneumologista do Hospital Albert Einstein, à CNN.
Segundo o especialista, a pneumonia bilateral não necessariamente é mais grave do que a unilateral, apesar de, muitas vezes, indicar um quadro de saúde mais complexo.
“Uma situação interessante é que, muitas vezes, na pneumonia bilateral, o que tem do outro lado não é uma infecção por bactérias ou vírus, mas, sim, uma inflamação”, explica. “A pneumonia começa com um agente bacteriano, viral ou fúngico e, em determinado momento, ela leva a uma resposta inflamatória que fica em dois lados, e isso representa uma gravidade maior”, completa.
Em casos mais graves, a pneumonia bilateral pode levar a um quadro de insuficiência respiratória, levando a uma maior falta de ar e fadiga intensa.
O tratamento da pneumonia bilateral pode depender do agente causador da doença: se for bactéria, o tratamento é antibiótico; no caso de vírus, o medicamento é antiviral; se houver inflamação, pode haver a necessidade de entubação, em casos graves.
“A pneumonia em idosos traz uma preocupação muito grande. Por isso, é muito importante que essas pessoas estejam vacinadas e, aos sintomas mínimos que sejam, como perda de apetite, desconforto no peito, tosse com catarro, devem procurar o atendimento médico. A doença, quanto mais demorar a ser tratada, mais grave fica”, afirma Rabahi.
Infecção polimicrobiana
Na segunda-feira (17), o Vaticano divulgou que o Papa Francisco foi diagnosticado com infecção polimicrobiana, uma doença causada por uma combinação de vírus, bactérias, fungos e parasitas.
Segundo artigo publicado na revista científica The Lancet, nesse tipo de infecção, a presença de um microrganismo gera um nicho para a infestação de outros microrganismos. O pontífice está internado desde sexta-feira (14), inicialmente em decorrência de uma bronquite, sem previsão de alta.
Em entrevista à CNN, o médico infectologista Davi Uip explica o quadro de saúde do Papa Francisco: “Bronquite é uma inflamação dos brônquios. Ela pode ser alérgica, infecciosa ou inflamatória. Pelo último boletim [do Vaticano], é uma bronquite infecciosa causada por vários microrganismos”, afirma. “Na modernidade, você consegue, através da coleta de secreção de orofaringe ou de brônquios, fazer o teste molecular. Então, você identifica se é vírus, e qual é o vírus, se é bactéria, e qual é a bactéria, e até qual é o fungo”, acrescenta.
De acordo com Rabahi, a pneumonia bilateral pode ter ligação com o quadro de infecção polimicrobiana. “Quando você tem uma infecção viral, aquilo pode atuar como uma porta de entrada para infecções bacterianas ou até para outros vírus. Quando você tem mais de um agente agressor, ela pode ter esse caráter de acometer mais de uma parte dos pulmões”, completa.