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Parlamento do Irã aprova fechamento do Estreito de Ormuz após ofensiva dos EUA, diz mídia local

Protegido pelos EUA, o estreito é a principal rota marítima para navios petroleiros no mundo

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM G1 22/06/2025
Parlamento do Irã aprova fechamento do Estreito de Ormuz após ofensiva dos EUA, diz mídia local
O bloqueio interrompe o fluxo de cerca de 20% de todo o petróleo comercializado globalmente | REUTERS/Hamad I Mohammed/File Photo

Após o bombardeio ordenado por Donald Trump contra instalações nucleares no Irã, o Parlamento do Irã aprovou fechamento do Estreito de Ormuz, segundo a mídia local.

A medida ainda precisa passar pelo Conselho Supremo de Segurança Nacional e pelo aiatolá Khamenei para entrar em vigor.

O bloqueio interrompe o fluxo de cerca de 20% de todo o petróleo comercializado globalmente.

O bloqueio da via marítima, localizada entre Omã e o Irã, é considerado uma retaliação do governo iraniano aos ataques dos EUA a três instalações nucleares do país.

Os EUA são os responsáveis por proteger a navegação comercial no Estreito de Ormuz. A região é monitorada pela 5ª Frota da Marinha americana, com base no Bahrein.

O fechamento do Estreito de Ormuz pode provocar a disparada no preço do barril de petróleo. Com o confronto entre Israel e Irã, navios petroleiros foram orientados por agências marítimas a redobrar a cautela na região.

O preço do petróleo já registra forte alta desde a última sexta-feira (13), quando começaram as ofensivas. Só no primeiro dia de conflito, o salto foi de 8%. Veja o acumulado:

  • ▶️ O barril tipo Brent (referência global) subiu de US$ 69,36 na última quinta-feira (12) para US$ 78,74 nesta quinta (19), avanço de 13,5%.
  • ▶️ O petróleo WTI (referência nos EUA) saltou de US$ 66,64 para US$ 73,88 no mesmo período, alta de 10,9%.

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A disparada já no primeiro dia de conflito representou um dos maiores movimentos intradiários (que acontecem no mesmo dia) para ambos os contratos desde 2022, quando a invasão da Ucrânia pela Rússia provocou um salto nos preços da energia.

Analistas do JPMorgan afirmaram que, no pior cenário, o fechamento do estreito ou uma retaliação por parte dos principais produtores de petróleo da região poderia elevar os preços para a faixa de US$ 120 a US$ 130 por barril.

Ao longo dos últimos anos, o Irã já ameaçou bloquear o estreito em diversas ocasiões, mas nunca cumpriu a promessa.

Uma das vezes foi em 2019, quando o presidente dos EUA, Donald Trump, retirou-se do acordo nuclear firmado com o país — o republicano, inclusive, busca atualmente um novo acordo com os iranianos.

Veja abaixo outros detalhes sobre o estreito.

Estreito de Ormuz — Foto: Arte/g1

Estreito de Ormuz — Foto: Arte/g1

'Artéria' do trânsito mundial de petróleo

O Estreito de Ormuz conecta o Golfo Pérsico (ao norte) com o Golfo de Omã (ao sul), e "deságua" no Mar da Arábia. Na sua parte mais estreita, o estreito tem 33 km de largura, com canais de navegação de apenas 3 km em cada direção.

Cerca de um quinto de todo o consumo mundial de petróleo passa pelo estreito. Entre o início de 2022 e maio deste ano, aproximadamente 17,8 a 20,8 milhões de barris por dia de petróleo bruto, condensado ou combustível fluíram diariamente pelo local, segundo dados da plataforma de monitoramento marítimo Vortexa.

Membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) como Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Iraque exportam a maior parte do seu petróleo através do estreito, principalmente para a Ásia.

Os Emirados Árabes e a Arábia Saudita buscam rotas alternativas para não depender do estreito.

O Catar, um dos maiores exportadores mundiais de gás natural liquefeito, envia quase toda sua produção através do estreito.

Segundo a Administração de Informação de Energia dos EUA, havia cerca de 2,6 milhões de barris por dia de capacidade ociosa nos oleodutos existentes desses países, que poderiam ser usados para contornar Ormuz (dados de junho do ano passado).

Navio passa pelo estreito de Ormuz — Foto: REUTERS/Hamad I Mohammed/File Photo