Em um momento em que o Município de Poconé enfrenta desafios políticos, humanitários e democráticos, é fundamental refletirmos sobre o papel do povo na construção de uma sociedade verdadeiramente participativa. Estamos vivendo uma espécie de "democracia mitigada" ou até mesmo uma "democracia sem povo", na qual as elites buscam controlar o poder municipal em detrimento da vontade da maioria.

Presenciamos um retrocesso alarmante, que nos remete aos tempos obscuros dos 350 anos de escravidão no Brasil colônia e nos dois impérios.

 Nessa época, as elites brasileiras enriqueceram às custas do trabalho dos menos favorecidos. 

Infelizmente, essa ferida ainda persiste em nosso país, inclusive em Poconé, onde famílias tradicionais, proprietárias rurais e do setor de mineração, com sobrenomes que carregam a história poconeana, prosperaram à custa do trabalho árduo dos menos privilegiados.

Quando nós, poconeanos, nos tornamos sujeitos ativos nessa democracia, certamente ela estará em risco, correndo o risco de ser obstruída por golpes de diversos tipos.

 O último exemplo disso foi o processo de impeachment enfrentado pela então presidente Dilma Rousseff. Em Poconé, essa ação é mais sutil, impondo o retorno de pessoas que já estiveram no poder no passado e atrasaram o desenvolvimento do município por anos a fio.

 Essa estratégia já está em prática, e muitos ainda não perceberam.

Para superar esse cenário, é necessário propor uma construção coletiva, baseada na democracia profunda, que busque atacar as raízes dos problemas que alimentam a corrupção.

 Precisamos eliminar, desde o princípio, a ideia de que o prefeito ou prefeita, movidos por suas vaidades pessoais, determinem onde os recursos serão alocados. Não podemos permitir que o empresariado imponha suas vontades visando apenas o ganho financeiro.

Uma solução viável seria a implantação do Orçamento Participativo, no qual a definição de prioridades é feita de baixo para cima, levando em consideração as necessidades reais da população.

 Dessa forma, planejamos de maneira transparente e aumentamos o controle público sobre a execução dos projetos aprovados nos conselhos do Orçamento Participativo e posteriormente referendados pelo poder legislativo.

É fundamental agirmos de forma a deixarmos de ser meros objetos nas mãos da política imposta por outros e nos tornarmos sujeitos ativos, protagonistas da nossa própria história. Somente assim, através da participação ativa da população e do engajamento coletivo, poderemos construir uma Poconé mais justa, igualitária e próspera para todos.

Atenciosamente,

Itamar Lourenço

Vereador e Presidente da Câmara Municipal de Poconé - MT