Polícia
O sindicalismo dos investigadores da Polícia Civil de Mato Grosso, através do Sinpol(ex-Siagespoc), que é uma instituição histórica, tem se perdido em meio a uma trama de disputa por dinheiro e poder. Com caixa milionário, a entidade deixou de lado a missão de intermediar interesses dos policiais civis para manter estruturas inchadas de dirigentes que se perpetuam nos cargos.
A organização encontrou brechas na Constituição, que desde 1988 garante o direito à liberdade sindical, para não prestar contas à sociedade da receita de R$ 435 mil por mês, com a taxação obrigatória, o imposto sindical até 2018(até ser extinto pelo presidente Bolsonaro), e que nos últimos 30 anos arrecadou milhões. Até janeiro de 2020, a atual diretoria e a ex-diretoria manteve guardado a sete chaves os dados financeiros do Sindicato. São décadas de segredos em cima de uma instituição que movimentou, nos últimos cinco anos mais de R$ 26 milhões.
É nessa falta de transparência que um cenário de corrupção, fraudes eleitorais e desvio de dinheiro público se perpetuou. Sem contar os líderes que lançam mão de estratégias para se manterem no poder por longos anos. É o caso do ex-presidente Cledson Gonçalves da Silva, ou simplesmente Cledson, que está no comando da entidade por mais de 20 anos.
Toda vez que algum grupo de policiais ao tentar montar uma chapa para concorrer ao sindicato ou simplesmente pedir a prestação de contas, ele encontrava alguma forma de driblar e blindar a pretensão. Entre os seus próceres está à outra dirigente, Edleusa Mesquita de Almeida, que foi tesoureira na época em que Cledson era presidente e hoje e a atual presidente da entidade.
Denuncias averiguadas por ex-dirigentes e atuais dirigentes do Sinpol, algumas que já tramitam na Justiça, indicam que a organização foi constituída para desviar a contribuição sindical.
Mesmo que você não seja sindicalizado vai se indignar e muito com essa história, porque pessoas que agem como donos do Sinpol usam dinheiro do servidor para ganhar poder e fazer fortuna. “A principal denuncia e com relação às transferências feitas para a conta pessoal da presidente do Sindicato Edleusa Mesquita de Almeida que na época era diretora financeira e do ex-presidente, Cledson Gonçalves da Silva que hoje representa o Conselho Fiscal”.
A revelação é do atual secretário geral da entidade, Jamilson Adriano de Souza Moura, que falou com exclusividade para o Página 12.
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Foto: Jamilson Adriano de Souza Moura,(Cuiabano News)[/caption]
Segundo Jamilson, Edleusa transferiu no dia 08/06/2016 uma quantia de R$ 353.832,97 mil para a conta pessoal dela. E Cledison transferiu R$ 350 mil para a conta pessoal dele. Ele denuncia ainda que no dia 14/06/2016, Edleusa fez outra de R$ 300 mil para a conta dela, o que totalizando só para ela um valor de R$ 653.832,97 mil. “Ela(Edleusa) rechaçou todas as minhas tentativas em querer saber dos valores para a conta pessoal dela”, afirmou.
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Edleusa Mesquita de Almeida (Foto: Sinpol)[/caption]
Já Cledson – afirma – depositou em sua conta pessoal o montante de R$ 350 mil. A bagatela depositada nas contas pessoais dos dois dirigentes somou R$ 1.003.832,97 milhão. O buraco da corrupção descoberto pelo secretário geral da entidade só foi possível, segundo ele, por uma decisão judicial e que só foi liberada no dia 16/01/2020. “Tínhamos entrado na justiça para requerer o extrato da conta do sindicato, mas, a presidente negou. Conseguimos liminar, mas, ela(Edleusa) se negou a entregar como a juíza da quarta vara civil havia determinado. Então a juíza encaminhou a determinação ao Banco do Brasil para que apresentasse os extratos da conta corrente do sindicato. Foi aí que descobrimos o rombo e os depósitos nas contas pessoais dos dois dirigentes”, disse Jamilson.
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Cledson Gonçalves da Silva (Foto: Circuito MT)[/caption]
Ele diz ainda que nos extratos fornecido pelo Banco do Brasil para a justiça, os valores retirados por eles(Cledson e Edleusa) estão descriminados como transferência online, “a presidente fez uma auditoria fraudulenta só de três meses e nós pedimos uma auditoria desde 2016 e que comprova que o dinheiro transferido online não retornou para a conta do sindicato”, afirmou o secretário geral. A reportagem tentou entrar em contato com os dois denunciados mas, eles não se pronunciaram.
VEJA EXTRATO DO SINDICATO DO BANCO DO BRASIL FORNECIDO PELA JUSTIÇA DE MT
EXTRATO SIAGESPOC(SINPOL)