Polícia

Em nota, Presidente do Sinpol admite que fez depósito em sua conta pessoal, mas diz que foi por causa da greve de 2016

13/02/2020
A greve dos servidores públicos estaduais, incluindo aí dos investigadores da Polícia Civil foi o principal motivo que fez com que a atual presidente Edleusa Mesquita de Almeida, depositasse milhares de reais em sua conta pessoal.   Ela admitiu que fez os depósitos e que – afirma - foi por causa das paralisação de 30 dias feito pelos servidores e da ameaça da justiça em aplicar multas altíssimas a todos os sindicatos envolvidos. “Em 2016, vivíamos a maior greve dos servidores públicos do estado de Mato Grosso, foram 30 dias de paralisação. A justiça considerou o movimento ilegal e aplicou multas altíssimas a todos os sindicatos envolvidos. Orientados por nosso departamento jurídico, decidimos em comunhão com o Conselho Fiscal, transferir temporariamente todo o dinheiro da conta do Sinpol-MT para nossas contas pessoais para possibilitar ao sindicato o pagamento de todas as suas despesas, inclusive os salários dos funcionários”, disse a presidente.   Na nota, no entanto, ela não diz se o dinheiro voltou para as contas do Sindicato e nem apresentou a data dessa devolução, “passada a greve, a situação foi normalizada e as contas daquela gestão integralmente aprovadas em Assembleia Geral pela categoria. A lisura da movimentação está comprovada”, afirmou Edleusa na nota.   Ela e o ex-presidente Cledson Gonçalves da Silva foram acusados pelo atual secretário geral da entidade Jamilson Adriano de Souza Moura, de terem em comum acordo se apropriado de R$ 1.003.832,97 milhão. Segundo Jamilson, Edleusa transferiu para sua conta pessoal o montante de R$ 653.832,97 mil. O ex-presidente Cledson – afirma o secretário – transferiu a bagatela de R$ 350 mil.   O buraco da corrupção descoberto pelo secretário geral da entidade só foi possível, segundo ele, por uma decisão judicial e que só foi liberada no dia 16/01/2020. “Tínhamos entrado na justiça para requerer o extrato da conta do sindicato, mas, a presidente negou. Conseguimos liminar, mas, ela(Edleusa) se negou a entregar como a juíza da quarta vara civil havia determinado. Então a juíza encaminhou a determinação ao Banco do Brasil para que apresentasse os extratos da conta corrente do sindicato. Foi aí que descobrimos o rombo e os depósitos nas contas pessoais dos dois dirigentes”, disse Jamilson.   Ele diz ainda que nos extratos fornecido pelo Banco do Brasil para a justiça, os valores retirados por eles(Cledson e Edleusa) estão descriminados como transferência online, “a presidente fez uma auditoria fraudulenta só de três meses e nós pedimos uma auditoria desde 2016  e que comprova que o dinheiro transferido online não retirou para a conta do sindicato”, afirmou o secretário geral. A reportagem tentou entrar em contato com os dois denunciados, mas, eles não se pronunciaram.   VEJA EXTRATO DO SINDICATO DO BANCO DO BRASIL FORNECIDO PELA JUSTIÇA DE MT   EXTRATO-SIAGESPOCSINPOL   VEJA A NOTA DIVULGADA PELO SINDICATO DOS INVESTIGADORES (SINPOL) *Auditoria derruba denúncias de desvio* Em resposta a matéria "Escândalo na Polícia MT: diretores do Sindicato fazem fortuna com dinheiro desviado", assinada por Pedro Ribeiro, o Sindicato dos Investigadores de Polícia do Estado de Mato Grosso (Sinpol-MT),  informa que:   No dia 13 de novembro de 219, a empresa Athila Contabilidade e Auditoria apresentou o resultado da auditoria feita nas contas do Sindicato dos Investigadores de Policia do Estado de Mato Grosso (Sinpol-MT), referente aos períodos de junho a agosto de 2016 e de agosto de 2017 a janeiro de 2018. O objetivo era averiguar se houve desvio de recursos das contas do sindicato para as do presidente Cledison Gonçalves da Silva e da diretora financeira Edleusa Afonso de Mesquita neste período.   O serviço foi contratado pela atual diretoria do Sinpol-MT para averiguar denúncia de transferência ilegal de recursos da entidade para as contas pessoais dos antigos diretores. O desvio teria ultrapassado R$ 1,4 milhão. A denúncia foi feita pelo diretor geral Jamilson Moura que a registrou junto à Diretoria Geral da Polícia Judiciária Civil e posteriormente no Poder Judiciário. O caso ganhou repercussão pela imprensa que publicou matérias sem ouvir os todos os envolvidos trazendo prejuízos para toda categoria e, sobretudo, à imagem do Sinpol-MT.   “Jamilson alegou que a movimentação bancária teria sido feita de forma fraudulenta em benefício de Cledison e Edleusa. Ficou atestado que tudo transcorreu de forma lícita e com anuência do Conselho Fiscal da entidade para evitar que os recursos disponíveis em uma conta no Banco do Brasil fossem bloqueados pela justiça para o pagamento de multas decorrentes de uma greve da categoria considerada ilegal. Durante a auditoria ficou claro que o montante foi integralmente devolvido ao sindicato por Edleusa Mesquita através de depósitos diretos e por meio do pagamento de despesas da entidade. Cledison fez a devolução através de cheques e de pagamentos de contas”, disse o auditor Clebio Geraldo Gaia.   “Em 2016, vivíamos a maior greve dos servidores públicos do estado de Mato Grosso, foram 30 dias de paralisação. A justiça considerou o movimento ilegal e aplicou multas altíssimas a todos os sindicatos envolvidos. Orientados por nosso departamento jurídico, decidimos em comunhão com o Conselho Fiscal, transferir temporariamente todo o dinheiro da conta do Sinpol-MT para nossas contas pessoais para possibilitar ao sindicato o pagamento de todas as suas despesas, inclusive os salários dos funcionários. Passada a greve, a situação foi normalizada e as contas daquela gestão integralmente aprovadas em Assembleia Geral pela categoria. A lisura da movimentação está comprovada”, disse Edleusa Mesquita.   Uma perícia contábil também investigou outra denúncia feita por Jamilson Moura: supostas fraudes na contratação de empréstimo junto ao Sicoob em fevereiro de 2017.   "Este dinheiro foi usado para pagar o aluguel de três ônibus e as diárias de 150 investigadores sindicalizados que foram à Brasília participar de um movimento contrário à reforma da previdência que traria prejuízos aos policiais civis, como a perda da integralidade e da paridade na aposentadoria. Uma luta legítima do nosso sindicato. Pegamos o empréstimo porque os repasses do governo ao SINPOL-MT não tinham sido feitos e precisávamos viajar. Todas as despesas foram comprovadas e atestadas como lícitas. Portanto, mas uma denúncia improcedente e irresponsável”, explicou Edleusa.   A atual diretoria do Sinpol-MT acredita que tais denúncias tenham sido motivadas em represália a uma investigação interna que comprovou que Jamilson Moura usou indevidamente o nome do sindicato para aquisição de materiais de construção, no valor aproximado de R$ 10 mil.   “Há cerca de 7 meses, o Jamilson fez compras em nome do sindicato e mandou entregar em um centro comunitário no bairro Nova Conquista, do qual fazia parte. Soubemos da fraude porque a proprietária da loja nos cobrou o pagamento da dívida. Tomamos as providências internas para investigação e exclusão do Jamilson da diretoria. Como ele tem pretensões políticas junto ao sindicato, ficou revoltado e tentou manchar nossa imagem na imprensa e na justiça. Mas Deus é grande e a verdade sempre vence”, concluiu Edleusa Mesquita que já tomou todas as medidas judicias em defesa de seus direitos e da imagem do Sinpol-MT.   Outro lado   Jamilson Moura participou da apresentação dos resultados da auditoria. Fez perguntas, se disse satisfeito com as repostas, mas deixou o evento minutos antes da conclusão dos trabalhos sem dar explicações aos seus colegas.   “Saiu cabisbaixo e envergonhado pela besteira que fez”, disse uma investigadora.