Polícia

O que se sabe e o que precisa saber sobre o vereador de Cuiabá que usava sindicato para transacionar com o Comando Vermelho

Na Operação ficou evidente o poder da facção no estado e principalmente na capital mato-grossense e a “corrupção oficial”

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM PC-MT 07/06/2024
O que se sabe e o que precisa saber sobre o vereador de Cuiabá que usava sindicato para transacionar com o Comando Vermelho
É certo que o poder do CV já era conhecido, mas foi a primeira vez que o estado conheceu a atuação da facção na política, gerando uma dimensão sem precedentes | Câmara de Cuiabá

Semana passada em Cuiabá, o Comando Vermelho a maior organização criminosa de Mato Grosso sofreu um duro golpe em Cuiabá com a efetivação da Operação Ragnatela, feita em conjunto entre a Polícia Federal, Civil, Polícia Rodoviária Federal e Militar.

Na Operação ficou evidente o poder da facção no estado e principalmente na capital mato-grossense e a “corrupção oficial” com membros da própria polícia, servidores públicos, empresários e até políticos com mandatos.

É certo que o poder do CV já era conhecido, mas foi a primeira vez que o estado conheceu a atuação da facção na política, gerando uma dimensão sem precedentes.

Ficou evidente que o Comando Vermelho para a Ficco(Força Integrada de Combate ao Crime Organizado) não é apenas hegemônica no submundo do crime mas também na política mato-grossense.

Essa avaliação está presente tanto em relatórios quanto nas investigações, quanto nos inquéritos policiais.

A Operação Ragnatela trouxe à tona diversas informações dos crimes da organização e seus tentáculos.

Entre os alvos investigados está o DJ Everton Muniz, o Everton Detona e o empresário Willian Aparecido da Costa Pereira, o 'Gordão'.

Também foram alvos as Casas Noturnas Dallas Bar e Strick Pub e o vereador de Cuiabá Paulo Henrique (MDB).

Este último e que vamos nos reportara agora.

Paulo Henrique foi líder do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) na Câmara entre 2023 e o início de 2024.

E segundo investigações da Polícia Federal ele teria recebido benefícios do Comando Vermelho.

Os policiais da Operação Ragnatela acusam o vereador de usar os recursos do Sindicato dos Agentes de Regulação e Fiscalização do Município de Cuiabá (Sindarf), do qual era presidente, para realizar transações pessoais e ligadas a ganhos por serviços prestados para a organização criminosa.

Segundo a Ficco, o vereador Paulo Henrique atuava em benefício do Comando na interlocução com os agentes públicos, recebendo dinheiro em espécie.

As provas vieram a partir da análise do sigilo telemático de Paulo Henrique. Os policiais identificaram “elementos que podem configurar uma retribuição financeira recebida pelos serviços prestados à facção criminosa”.

A Ficco – afirma - ainda que Paulo Henrique usava recursos do sindicato para pagamento de despesas pessoais.

A exemplo do comprovante da compra de uma bolsa no valor de R$ 5,9 mil na empresa Troca de Luxo, ocorrido no dia 28 de fevereiro de 2023. “A compra, com recursos do SINDARF, sugere que o vereador(Paulo Henrique) se utiliza das contas bancárias do sindicato para realizar transações pessoais”, afirma trecho do relatório.

Ainda conforme a Ficco, o sindicato teria recebido material de construção pago pela empresa W.A. da Costa Pereira, que está em nome de Willian Aparecido da Costa Pereira, o “Gordão”, proprietário de casa noturna e que teria lavado dinheiro para o Comando Vermelho.

O valor de R$ 10.545,00 foi pago em telhas e o endereço mencionado na nota para entrega foi o no sindicato. “Este fato reforça ainda mais o laço entre Paulo Henrique e a organização criminosa...”, diz relatório policial.

A Polícia quer saber agora por que Paulo Henrique ocultava os bens, apesar de possuir uma renda bruta mensal expressiva. “Ele não tinha bens patrimoniais registrados em seu nome, uma inconsistência que também levanta suspeitas consideráveis”, afirma os policiais.