Polícia
Advogado é preso ao tentar entregar droga a preso de segurança máxima na Penitenciária Central de Cuiabá
Investigação aponta que profissional atuava a serviço do tráfico e tentou burlar revista com maconha escondida em caneta; caso expõe infiltração criminosa no exercício da advocacia

Um advogado de 33 anos foi preso em flagrante nesta terça-feira (6) após ser pego tentando entregar uma porção de maconha a um preso do Raio 8, setor de segurança máxima da Penitenciária Central do Estado. O caso, registrado durante o período da tarde, escancarou a atuação de advogados a serviço de facções criminosas dentro do sistema penitenciário mato-grossense.
O entorpecente foi encontrado escondido dentro de uma caneta, que estava entre os materiais levados pelo advogado ao preso. A droga foi detectada pelos policiais penais durante a revista de rotina. Imagens do sistema interno de segurança da penitenciária comprovaram que a caneta com o entorpecente foi levada pelo próprio advogado, que foi detido no local.
Segundo fontes ligadas à administração penitenciária, há fortes indícios de que o advogado atua como elo entre detentos e o crime organizado, utilizando sua condição profissional como cobertura para a prática de ilícitos. O Raio 8 abriga membros de facções com alto poder de articulação dentro e fora das unidades prisionais, e ações como essa têm sido cada vez mais monitoradas pelas autoridades.
O advogado foi imediatamente encaminhado à Central de Flagrantes da Polícia Civil, onde foi lavrado o boletim de ocorrência. Ele poderá responder por tráfico de drogas e colaboração com organização criminosa. O material apreendido e as imagens de vídeo foram entregues às autoridades policiais.
O caso foi comunicado à Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT), que deverá abrir procedimento disciplinar. O envolvimento de advogados com o crime organizado preocupa o sistema de Justiça, uma vez que representa grave quebra de confiança institucional e cooptação de prerrogativas profissionais para práticas criminosas.
“A advocacia não pode ser usada como escudo para o crime. A prisão desse advogado é emblemática, pois mostra que o tráfico tenta infiltrar-se onde deveria haver defesa da legalidade”, comentou, sob anonimato, um servidor da segurança prisional.
Até o fechamento desta reportagem, a OAB-MT não havia emitido nota oficial sobre o caso. O advogado permanece à disposição da Justiça e poderá ter a prisão convertida em preventiva, a depender do andamento das investigações.