Polícia
Advogado é denunciado por negligência após morte da própria mãe em Várzea Grande
Zelito Oliveira Ribeiro, curador provisório, teria abandonado cuidados essenciais da idosa L.A.R, que faleceu por pneumonia broncoaspirativa

O advogado Zelito Oliveira Ribeiro, de 57 anos, está sendo denunciado por negligência grave e omissão de cuidados que teriam contribuído diretamente para a morte de sua própria mãe, a senhora L.A.R, de 85 anos, ocorrida no dia 30 de maio de 2025. O denunciado deixou a mãe sem acompanhamento de profissionais de saúde (enfermeiros) e cuidadores durante cinco dias.
Na quarta-feira, 28, a idosa deu entrada na emergência do Hospital São Mateus com quadro de broncoaspiração (contéudo sólido e que foi para os pulmões). O agravamento do quadro da idosa se deu ao fato dela ficar três horas sem nenhum atendimento por parte do curador.
A causa da morte, registrada na Declaração de Óbito número 40705181-3 emitido pelo Hospital São Mateus, em Cuiabá e pela Certidão de Óbito, foi pneumonia broncoaspirativa — condição comumente associada à ausência de alimentação adequada, o que levou a uma septicemia e falta de acompanhamento clínico contínuo.
Zelito exercia a função de curador provisório judicial da mãe, quando esta recebeu alta hospitalar do mesmo Hospital São Mateus na quarta-feira, 23 de maio.
Segundo diversos documentos judiciais e laudos apresentados por outros filhos da idosa, ele teria falhado de forma reiterada em prestar assistência médica adequada, deixar de contratar enfermeiras, cuidadoras e profissionais de saúde e sequer garantir higiene, alimentação compatível e vigilância noturna.
Entre as irregularidades denunciadas ao Poder Judiciário e ao Ministério Público, destacaram-se:
- Fornecimento de marmitas de bar ou restaurante sem supervisão nutricional ou sanitária como única forma de alimentação da idosa;
- Ausência total de cuidadora noturna, apesar do grave quadro clínico de Alzheimer em estágio terminal;
- Retirada de câmeras de monitoramento instaladas por outro filho, o que impediu a supervisão à distância da idosa;
- Imposição de restrições de visitas aos filhos, impedindo o acompanhamento familiar, inclusive no hospital quando a idosa estava internada;
- Desprezo pelas recomendações médicas, após internações em UTI por desnutrição, escaras e infecção pulmonar;
- Troca prejudicial do plano de saúde, saindo de apartamento para enfermaria coletiva, mesmo havendo saldo suficiente em conta bancária da curatelada;
- Não prestação de contas dos gastos da curatela, em violação ao artigo 84, §4º, da Lei nº 13.146/2015.
A situação se agravou após diversas internações da idosa por desnutrição grave, pneumonia, hipercalemia e escaras. Mesmo após a recomendação médica para internação e cuidados específicos, Zelito continuou mantendo-a em casa sem suporte adequado, o que, segundo os filhos, resultou em abandono assistencial e sofrimento desnecessário.
A indignação dos filhos é generalizada. Pedro Antônio Ribeiro, um dos filhos, classificou a morte da mãe como “um ato de descaso e omissão inaceitável”. Já o outro filho Ivan Antônio Ribeiro, afirmou: “É revoltante ver nossa mãe, uma mulher que dedicou a vida aos filhos, morrer por abandono. Lutamos na Justiça, fizemos denúncias, imploramos para cuidar dela. Mas o curador ignorou tudo.”
Edson Antônio Ribeiro, outro filho da idosa morta destacou o sofrimento emocional de toda a família: “É uma dor que poderia ter sido evitada. Ela foi deixada sem higiene, sem alimentação adequada, sem carinho. Ele tirou dela até o direito de ser acompanhada pelos filhos. Mas não vamos descansar enquanto ele não for responsabilizado”
Zelita Oliveira Ribeiro, filha e irmã gêmea do curador, reforçou: “É inaceitável. Minha mãe morreu sem dignidade, mesmo tendo uma família inteira pedindo para cuidar dela. A Justiça foi lenta, e agora já é tarde”.
Os familiares já tinham formalizados pedidos de remoção do curador, antes do falecimento da idosa, de prestação de contas judicial e estudam ações por dano moral, responsabilização civil e até criminal, com o apoio de advogados particulares.
A reportagem tentou contato com o advogado Zelito Oliveira Ribeiro, mas até o momento não houve retorno.
O caso também deverá ser comunicado à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT), ao Ministério Público Estadual e ao Conselho Municipal do Idoso, para apuração de eventuais infrações disciplinares, éticas e cíveis.

