Um triângulo amoroso repleto de traições, vingança e morte terminou com a prisão do empresário Gabriel Tacca, de Sorriso (397,1 KM de Cuiabá), acusado de mandar matar o próprio amigo e amante de sua esposa, a médica ginecologista Sabrina Iara de Mello. O caso chocou a cidade e expôs detalhes de um relacionamento marcado por segredos e violência.

A vítima, Ivan Michel Bonotto, de 35 anos, era amigo íntimo do casal e mantinha com Sabrina um relacionamento amoroso às escondidas. Ele foi assassinado a facadas em março deste ano, dentro da distribuidora de bebidas do marido traído.

De acordo com a Polícia Civil, Ivan morava em Tapurah e, sempre que viajava a Sorriso, se hospedava na casa dos dois. Para todos, eram apenas grandes amigos. Mas por trás da fachada cordial, a médica e o amigo dividiam momentos de intimidade e cumplicidade, que acabaram descobertos por Gabriel.

Ao tomar conhecimento do caso extraconjugal, o empresário decidiu se vingar. Conforme a investigação, ele contratou Danilo Guimarães para executar Ivan de forma premeditada, simulando uma briga banal. Imagens de câmeras de segurança mostram a vítima sendo atraída ao local e surpreendida com golpes de faca pelas costas.

Ferido gravemente, Ivan foi internado em estado crítico e permaneceu no hospital por três semanas, até morrer em 13 de abril. A tragédia, no entanto, teve contornos ainda mais sórdidos com a atuação da médica.

Menos de cinco minutos depois de o amante chegar ao hospital, Sabrina apareceu, fingindo ser apenas “amiga” do paciente. A Polícia Civil descobriu que ela pegou o celular de Ivan e passou três dias deletando fotos, vídeos e mensagens que comprovavam a relação amorosa e o vínculo com o executor. Ao devolver o aparelho à família, disse que apagou tudo para “proteger a vítima”.

Quando retomou a consciência, Ivan foi informado pelos familiares de que Sabrina havia mexido em seus dados. Revoltado, pediu que a médica fosse proibida de novas visitas. Ainda assim, ela continuou frequentando o quarto do amante, num claro esforço para encobrir provas e confundir as investigações.

O delegado Bruno França classificou a conduta da médica como essencial na fraude processual: “Ela foi responsável por uma série de atos para esconder a verdadeira motivação do crime.”

Na operação batizada de Inimigo Íntimo, deflagrada nesta terça-feira (15), Gabriel Tacca foi preso como mandante do homicídio e Danilo Guimarães como autor das facadas. Sabrina teve mandados de busca e apreensão cumpridos em sua residência e consultório, e continua sendo investigada pela destruição de provas e participação na trama.

O crime, que no início parecia um desentendimento em um bar, foi desmascarado como um assassinato passional arquitetado em meio a uma teia de traições, ciúmes e encobrimentos.

A Polícia Civil informou que as investigações seguem para esclarecer detalhes da execução e o grau de envolvimento da médica na morte do amante.