O que parecia ser apenas mais um dia de expediente no alto escalão da Assembleia Legislativa de Mato Grosso virou um escândalo que expôs fragilidades e acendeu o alerta nos corredores do poder. Vinicius Curvo Nunes, servidor comissionado com salário de R$ 16,3 mil mensais, exercendo o cargo de Superintendente de Tecnologia da Informação (DSL-IV), está na mira da Operação Datar, que investiga um gigantesco esquema de lavagem de R$ 185 milhões provenientes do tráfico de drogas.

Segundo a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (Denarc), Vinicius realizou movimentações financeiras “suspeitas” com um dos chefes do esquema. Embora o valor exato das transações não tenha sido divulgado, o nome do servidor foi parar no núcleo da investigação, o que motivou mandado de busca e apreensão em sua residência.

“O nome dele apareceu ligado a um dos principais alvos. Agora, precisamos cruzar as informações e analisar o que foi apreendido para definir responsabilidades”, afirmou o delegado Wilson Cibulskis Junior.

O cargo que Vinicius ocupa não é apenas administrativo: como superintendente de TI, ele detém acesso privilegiado a sistemas internos e dados sensíveis da Casa de Leis. É justamente esse detalhe que levanta suspeitas sobre a real extensão de sua participação e se informações estratégicas da ALMT podem ter sido, de alguma forma, comprometidas ou exploradas pelo crime organizado.

Nos bastidores, a presença de um servidor de confiança, com acesso irrestrito a setores críticos, no centro de uma investigação desse porte, provoca indignação e questionamentos sobre a blindagem institucional e os critérios de nomeação de cargos estratégicos.

O material apreendido está sendo analisado e novos desdobramentos são esperados. Entre parlamentares e assessores, a sensação é de que este caso ainda está longe do fim — e que o escândalo pode atingir proporções bem maiores do que se imagina.