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LUDUS SORDIDUS: Polícia Civil desmonta “jogo sujo” de facção que lavava milhões em Mato Grosso

Foram expedidas 38 ordens judiciais pelo Núcleo de Justiça 4.0 do Juiz das Garantias de Cuiabá, com base em investigações conduzidas pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco)

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM PC-MT 21/08/2025
LUDUS SORDIDUS: Polícia Civil desmonta “jogo sujo” de facção que lavava milhões em Mato Grosso
A operação integra o programa Tolerância Zero, do Governo de Mato Grosso, e também faz parte das ações da Rede Nacional de Unidades Especializadas de Enfrentamento das Organizações Criminosas | PC-MT

A Polícia Civil de Mato Grosso desencadeou, na quinta-feira,21, a Operação Ludus Sordidus, contra uma facção criminosa altamente estruturada e envolvida em crimes que vão do tráfico de drogas ao estelionato digital, passando por jogos de azar e lavagem de dinheiro.

Foram expedidas 38 ordens judiciais pelo Núcleo de Justiça 4.0 do Juiz das Garantias de Cuiabá, com base em investigações conduzidas pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco).

Entre os alvos estão 10 mandados de prisão preventiva, 8 buscas e apreensões, além do sequestro de imóveis e do bloqueio de contas bancárias e valores que ultrapassam R$ 13,3 milhões. As ações se concentraram em Cuiabá, Várzea Grande e também em Nova Odessa (SP), com apoio da Polícia Civil de São Paulo, da Core e da Gepol.

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A operação integra o programa Tolerância Zero, do Governo de Mato Grosso, e também faz parte das ações da Rede Nacional de Unidades Especializadas de Enfrentamento das Organizações Criminosas (Renorcrim).

As apurações começaram em dezembro de 2023, após um episódio revelador: integrantes da facção interromperam à força uma reunião comunitária no bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá, sob ameaças.

O motivo? A presença de um secretário de Estado e o fato de uma das participantes ser irmã de um pré-candidato a vereador. A facção entendeu o encontro como um ato político e decidiu dissolvê-lo, num claro gesto de intimidação e demonstração de poder.

A partir desse episódio, a Polícia Civil conseguiu mapear uma rede criminosa que atuava fortemente em bairros como Osmar Cabral e Jardim Liberdade, expandindo suas atividades para outros municípios.

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Como funcionava o esquema

No topo da hierarquia estava um líder que se apresentava como dirigente comunitário e presidente de time de futebol amador. Sob a fachada de benfeitor social, ele controlava o tráfico, os jogos de azar e golpes virtuais, impondo domínio sobre áreas inteiras da capital.

O líder recebia 10% dos lucros de uma plataforma de apostas ilegais, além de repasses do tráfico e de estelionatos cometidos em sites de compra e venda.

Outro integrante, responsável por dissolver a reunião de bairro, mais tarde passou a liderar extorsões contra comerciantes em Várzea Grande e Rondonópolis.

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Um influenciador digital de Várzea Grande, ligado ao grupo, exibia em redes sociais viagens luxuosas, cruzeiros e grandes quantias em dinheiro, mas já havia sido preso por tráfico.

A ostentação era regra entre os faccionados: carros de luxo, imóveis de alto padrão, prédios comerciais e galerias foram sequestrados pela Justiça. Para ocultar a origem ilícita dos bens, o grupo utilizava laranjas para registrar propriedades e movimentar valores.

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O significado do nome

Ludus Sordidus, expressão em latim que significa “Jogo Sujo”, sintetiza a contradição entre a imagem pública de “líder comunitário” e a verdadeira face: a de chefe criminoso, que explorava esportes e ações sociais como fachada para fortalecer o poder da facção e ampliar seus lucros ilícitos.

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