Política
Cadetes recebem espadim em cerimônia com Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras
Foi realizada na manhã deste sábado (17) a cerimônia de entrega de Espadins aos cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). O presidente Jair Bolsonaro foi recebido com honras de chefe de Estado para a solenidade que contou com a presença de quatrocentos cadetes.
"Não existe emoção ou honra maior de que, na condição de chefe supremo das Forças Armadas, presidir essa cerimônia. Meus cadetes, no futuro, vocês estarão nos nossos lugares", afirmou Bolsonaro. "Assim como vocês, em 1974, eu também recebi o meu espadim nesse sagrado P3M".
Também estiveram na cerimônia o Presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, a Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, o Governador do Estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, além de ministros e deputados.
Discurso de Bolsonaro
Durante a cerimônia, Bolsonaro citou a Amazônia. "Nós temos um compromisso com esse pedaço de terra mais rico e sagrado do mundo. Não é à toa que outros países, cada vez mais, tentam ganhar a guerra da informação para que nós venhamos a perder a soberania sobre essa área. O Brasil é riquíssimo. Pouquíssimos ou raros países têm o que nós temos", afirmou.
Desde o mês passado, o presidente tem criticado a divulgação de alertas de desmatamento na floresta, o que levou à demissão do então presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão. Alemanha e Noruega já anunciaram que vão retirar o repasse de verbas do Fundo Amazônia, destinado a ações de preservação da floresta.
O presidente também falou da Argentina. "Não tem honra, gratidão ou satisfação maior do que ver a missão cumprida. E a nossa missão é não deixar o Brasil se aproximar de políticas outras que não deram certo em nenhum lugar do mundo. Peçamos a Deus, neste momento, que a nossa querida Argentina, mais ao Sul, saiba como proceder através do seu povo, para não retroceder. A liberdade não tem preço. Estamos prontos pra dar a vida por ela. E nós só podemos tudo isso fazer se dermos ao respeito, a responsabilidade e conseguirmos ganhar, sim, a confiança do povo brasileiro", afirmou.
Nesta semana, após a divulgação do resultado das primárias na Argentina, que indicava vitória da oposição, Bolsonaro afirmou que "bandidos de esquerda começaram a voltar ao poder".
Autoridades presentes
- Jair Bolsonaro (Presidente da República)
- Dias Toffoli (Presidente do Supremo Tribunal Federal)
- Raquel Dodge (Procuradora-Geral da República)
- Wilson Witzel (Governador do Estado do Rio de Janeiro)
- João Doria (Governador do Estado de São Paulo)
- Ronaldo Caiado (Governador do Estado de Goiás)
- Davi Alcolumbre (Presidente do Senado)
- Flávio Bolsonaro (Senador)
- Tarcísio Gomes de Freitas (Ministro da Infraestrutura)
- Wagner de Campos Rosário (Ministro da Controladoria-Geral da União)
- Hélio Lopes (Deputado Federal)
- Major Vitor Hugo (Deputado Federal)
- Bolsonaro em Resende
O presidente chegou a Resende na noite de sexta-feira (16). A comitiva seguiu direto para o Hotel de Trânsito de Oficiais.
Bolsonaro conversou com autoridades por alguns minutos e desceu a pé a caminho de um trailer onde costuma comer cachorro-quentequando vem à cidade.
O presidente não conversou com a imprensa, mas posou para foto com simpatizantes que se aglomeraram em torno do local.
Ele estava acompanhado do governador do Estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), que também experimentou o lanche.
Jair Bolsonaro havia decolado de Brasília (DF) em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) por volta das 16h e pousou em Guaratinguetá, no Vale do Paraíba Paulista, que fica a aproximadamente 70 km de Resende. Ele seguiu pela Via Dutra com escolta pessoal e apoio da Polícia Rodoviária Federal.
Espadim
O Espadim é o momento em que marca a graduação dos novos militares da Aman. O objeto entregue na cerimônia é uma réplica da espada usada por Duque de Caxias, patrono do Exército, e considerada símbolo da honra militar.
Começo da carreira militar em Resende
Diante do portão da Academia Militar das Agulhas Negras, jovens de todos os cantos do Brasil rumam à carreira de oficial do Exército. Em 1974, aos 19 anos, Jair Messias Bolsonaro era só mais um entre milhares de homens que se prepararam na Aman, desde 1940, para comandar tropas em defesa do país. Ele realizava o sonho antigo do pai, de ver o filho seguir a carreira militar.
Mas o sonho do seu Geraldo Bolsonaro, pai de Jair, já era também o sonho do jovem Jair, que aos 15 anos, ajudou homens do Exército a seguirem por trilhas na mata atrás do guerrilheiro de esquerda Carlos Lamarca.
"Eu andava naquela região toda, extraía palmito nativo do mato. Então, era essa conversa de [passar] as características da mata, passou muito por mim conversando com pessoal do exército que estava campado lá", relembrou Geraldo Bolsonaro.
Nessa época, ele morava em Eldorado Paulista, no interior do Estado de São Paulo. De onde saiu rumo a Resende, a 530 km de distância. O descanso da longa viagem começou em um dormitório dentro da Aman.
A formação de um oficial vai além do conhecimento intelectual. Passa rigoroso treinamento de guerra e exige desempenho físico. E, nisso, o jovem cadete não encontrou problema.
"O Jair Bolsonaro sempre foi um cadete de destaque. A gente até brincava um pouco com o apelido que a turma de 1977 colocou nele: 'cavalão'. Porque realmente tinha um vigor físico absurdo e era um dos atletas de ponta da Aman, principalmente da parte referente ao pentatlon", revelou um antigo amigo, o coronel Guilherme Henrique dos Santos Hudson.
Família
Foi também em Resende que Jair Bolsonaro, já oficial do Exército, se casou. Primeiro com Rogéria, mãe de três dos seus cinco filhos: Carlos, nascido em Resende, Flavio e Eduardo, que nasceram no Rio. Depois com Cristina, com quem teve Renan. Cristina, que foi candidata a deputada federal, fez campanha para o ex-marido.
Hoje, Bolsonaro está no terceiro casamento. Teve mais uma filha Laura, de 9 anos. Foi a atual esposa, Michele, que no primeiro pronunciamento de Jair Bolsonaro como presidente eleito, ele dedicou a vitória nas urnas.
"Sem ela, eu não teria chegado a esse local, e com ela, agora, tenho certeza que terei força para prosseguir nesta empreitada ir buscar um Brasil melhor para todos nós", disse Bolsonaro.
[caption id="attachment_1714" align="aligncenter" width="1000"] Cerimônia de entrega de Espadins aos cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) — Foto: TV Rio Sul/Ana Clara Monteiro[/caption]Ligação com Resende
Em Resende, o presidente ainda é o capitão de hábitos antigos. Mantém o mesmo gosto, por um cardápio, digamos, guloso, que o traz sempre a este trailer de lanches, que fica a poucos metros do portão monumental da Aman. O dono do trailer, Giordani Cardoso, conhece bem o paladar do presidente.
"Ele chega na cidade e a primeira coisa que faz é vir aqui e comer um pão com linguiça, depois, tira fotos, grava vídeos e vai embora", brincou Giordani.
A ligação com a região parecia mesmo predestinada. Por uma dessas coincidências do destino, o nome Jair, foi em homenagem ao camisa 10 da seleção brasileira de 1950, Jair Rosa Pinto, nascido, aqui bem pertinho, em Quatis.
Já o capitão Jair Bolsonaro não foi assim, um craque dos campos de futebol. O mais perto que chegou do esporte foi se formando em professor de Educação Física.
Exercícios à parte, a carreira militar durou 16 anos. Em 1988, Jair Bolsonaro entrou para reserva do Exército e iniciou a vida política, primeiro como vereador na capital, Rio de Janeiro, depois, foi eleito por sete vezes seguidas, deputado federal pelo estado, antes de se tornar Presidente da República pela escolha de mais de 57 milhões de brasileiros.