Política
Brasil pretende ampliar comércio com a Argentina, diz Bolsonaro questionado sobre a eleição no país vizinho
O presidente Jair Bolsonaro disse neste domingo (27), ao ser questionado sobre a relação que pretende manter com a Argentina se o candidato oposicionista vencer as eleições naquele país, que o Brasil pretende "ampliar qualquer comércio" com o vizinho.
A votação na Argentina está marcada para este domingo. O atual presidente e candidato preferido de Bolsonaro, Maurício Macri, aparece nas pesquisas atrás de Alberto Fernández, que tem como vice a ex-presidente Cristina Kirchner. Bolsonaro é crítico frequente do kirchenismo e chegou a dizer, na semana passada, que a vitória da chapa de Fernández poderia representar um risco para o Mercosul.
Em visita a Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, uma das etapas do giro presidencial por Ásia e Oriente Médio, Bolsonaro foi questionado pela imprensa brasileira sobre o pleito na Argentina.
"Da nossa parte pretendemos ampliar qualquer comércio com a Argentina. Mas, obviamente, como integrante do Mercosul, as causas democráticas têm que se fazer valer", respondeu o presidente.
Bolsonaro disse ainda que espera que Fernández, caso eleito, volte atrás na intenção de rever o acordo entre Mercosul e União Europeia. Anunciado em julho, após 20 anos de negociação, o acordo foi celebrado pelo governo Bolsonaro como uma maneira de impulsionar a economia do Brasil.
Alguns países, como a França, já sinalizaram que não concordam com os termos da parceria. Fernández defendeu a revisão durante uma visita a Curitiba em agosto, quando esteve com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso após condenação na Operação Lava Jato.
"A gente espera que aquilo que falou há pouco, quando visitou o Lula no Brasil, que reveria, revisionaria a questão do Mercosul, que ele volte atrás”, disse Bolsonaro.
Questionado sobre a postura de Fernández de ter ido ao Brasil visitar um representante da oposição, mas não o presidente da República, Bolsonaro disse que é "impossível" se encontrar com partidários e autoridades numa só viagem.
"O lado do momento era do Macri, o outro lado era oposição. Tem várias oposições em qualquer país do mundo. Não pode alguém vir me visitar e visitar outros 20 partidários, que é impossível fazer isso", afirmou o presidente.
Para o liberal Mauricio Macri conseguir a reeleição, terá de reverter o resultado das primárias de 11 de agosto, em que ficou em segundo com 32,93% dos votos, a quase 17 pontos de Fernández (49,49%).
Fernández, o favorito, nunca concorreu a um cargo majoritário. Ele é um dirigente peronista, a principal corrente política do país. Foi escolhido pela ex-presidente Cristina Kirchner para liderar a chapa.
A diferença a favor do peronista foi aumentando em relação aos resultados das primárias, de acordo com as pesquisas. A tarefa de levar a disputa para o segundo turno não será fácil para Macri.
As projeções apontam que Fernández deverá ter cerca de 52% dos votos válidos. Macri teria cerca de 32%. Assim, Fernández pode levar no primeiro turno, pois basta obter mais de 45% dos votos ou então mais de 40% e superar o segundo mais votado por mais de dez pontos.
A aposta do governo é que o número de eleitores aumente em relação às prévias. Há cerca de 33,8 milhões de eleitores, e nas prévias foram 25,8 milhões de votos (cerca de 76% do total).