Política

Governo Lula avalia demitir cúpula da Abin e investigadores veem permanência ‘insustentável’

Investigação da PF apontou que Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da agência, continuava com um notebook e um celular da Abin. Cenário discutido prevê demissão do atual diretor-geral, Luiz Fernando Correa, e do diretor Alessandro Moretti

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM G1 26/01/2024
Governo Lula avalia demitir cúpula da Abin e investigadores veem permanência ‘insustentável’
Vista da entrada da sede da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), em Brasília, nesta sexta-feira, 20 | WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO

O governo Lula avalia a demissão da cúpula da Abin após o avanço das investigações da Polícia Federal apontando que haveria um conluio da atual gestão para blindar investigados por participação em um esquema de espionagem ilegal, a chamada "Abin Paralela".

Segundo o blog apurou, investigadores da PF têm classificado a permanência de integrantes do comando da agência como “insustentável”. Há uma ala que defende, inclusive, a demissão do diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, e do diretor Alessandro Moretti.

    Nesta quinta-feira (25), agentes apreenderam quatro computadores, seis celulares e 20 pen drives em endereços do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral da agência no governo Bolsonaro. A TV Globo apurou que, entre os objetos apreendidos, há um notebook e um celular da Abin.

    Corrêa goza da confiança de Rui Costa, ministro da Casa Civil, a quem cabe bater o martelo sobre as demissões.

    Vale lembrar, também, que a nomeação de Alessandro Moretti, ex-número 2 de Anderson Torres, abriu uma verdadeira guerra nos bastidores do governo.

    O blog procurou a Abin nesta quinta-feira (25) e pediu uma entrevista com Corrêa para comentar os fatos revelados pela operação, mas a Abin informou que não seria possível.

    Crise na Abin

    Na decisão que autorizou a operação da PF desta quinta-feira (25), o ministro do STF Alexandre de Moraes afirma que o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, usou o órgão para fazer espionagem ilegal a favor da família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

    Entre autoridades espionadas estavam a ex-deputada Joice Hasselmann, o ex-governador do Ceará e atual ministro da Educação, Camilo Santana (PT) e o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia.

    Apurações da PF apontam que a Abin teria sido "instrumentalizada" para monitorar ilegalmente uma série de autoridades e pessoas envolvidas em investigações, e também desafetos do ex-presidente Jair Bolsonaro.

    O uso indevido da Abin teria ocorrido quando o órgão era chefiado por Alexandre Ramagem (PL-RJ), aliado de Bolsonaro que, atualmente, é deputado federal. Ramagem foi alvo de uma operação da PF nesta quinta-feira.