Política

Itamaraty aposta em pontes com republicanos na relação Lula-Trump

Ideia é evitar que a posição declarada do presidente brasileiro a favor de Kamala Harris prejudique a relação entre os dois países

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM CNN 06/11/2024
Itamaraty aposta em pontes com republicanos na relação Lula-Trump
A ideia é evitar que a posição declarada do presidente Lula a favor de Kamala Harris na última sexta-feira (1º) prejudique a relação de 200 anos entre os dois países | CNN

O Itamaraty aposta em contatos mantidos com integrantes do Partido Republicano no Congresso americano e da campanha presidencial do partido nas últimas semanas para construir uma relação com Donald Trump daqui em diante.

A ideia é evitar que a posição declarada do presidente Lula a favor de Kamala Harris na última sexta-feira (1º) prejudique a relação de 200 anos entre os dois países.

Segundo o próprio Itamaraty, houve contatos com integrantes da campanha de Trump e com republicanos no Congresso, como o deputado Lance Goode, um dos copresidentes da Frente Parlamentar Brasil-EUA na Câmara, o chamado Brazil Caucus.

Além disso, a diplomacia brasileira se aproximou de instituições ligadas ao Partido Republicano nas últimas semanas, como a Heritage Foundation.

A aposta é que esses contatos servirão para tentar manter a relação bilateral e histórica entre os dois países, independentemente da relação pessoal de Lula e Trump — que assessores e diplomatas relataram a CNN que não deverá existir.

Algo como vem sendo feito com a Argentina do direitista Javier Milei. Ainda que Lula e o argentino não tenham relação, os dois países mantém relações por diversos setores de ambos os governos e também de suas diplomacias.

De qualquer modo, a avaliação do governo Lula é de que a vitória de Trump prejudica diversas agendas externas e internas.

Os eixos da política externa brasileira, por exemplo, focado na agenda do clima, da busca pela paz em conflitos e na reforma da governança global, na visão de diplomatas brasileiros, são diretamente abalados e fragilizados.

A situação da Venezuela é uma das que poderá ter maior impacto do ponto de vista regional. Trump já chegou a sugerir que se arrependeu de não ter invadido o país.

Do ponto de vista interno, a vitória de Trump é vista como um problema, porque se acredita que o presidente americano fortalecerá a agenda bolsonarista de anistia a Jair Bolsonaro e críticas ao Supremo Tribunal Federal.