Política
A Queda do Rei: Como José Pupin tentou driblar a justiça e enterrar um império de R$ 1,3 bilhão
Hoje, o “Rei do Algodão” vê seu castelo de terra e dinheiro desmoronar

Durante anos, José Pupin foi celebrado como um dos titãs do agronegócio nacional. Com milhares de hectares de algodão cultivados em Mato Grosso, alianças políticas estratégicas e uma fortuna estimada em cifras bilionárias, ele parecia inabalável. Parecia.
Hoje, o “Rei do Algodão” vê seu castelo de terra e dinheiro desmoronar.
Acusado de sonegar R$ 15 milhões em impostos, ocultar patrimônio e sabotar o cumprimento de dívidas, Pupin enfrenta uma série de processos judiciais que ameaçam sepultar de vez seu império.
A denúncia criminal, apresentada pela procuradora Thereza Luiza Fontenelli Costa Maia, do Ministério Público Federal (MPF), acusa Pupin de omitir da Receita Federal ganhos milionários com a venda de sete fazendas em 2018.
Para o MPF, a prática configura sonegação fiscal dolosa, com provas documentais robustas, incluindo contratos e escrituras públicas.
Mas não é apenas o fisco que tenta cobrar a conta.
Endividado em R$ 1,3 bilhão, o Grupo JPupin pediu recuperação judicial para evitar a falência.
Nos bastidores do processo, surgem indícios de ocultação de bens e transferência estratégica de ativos para terceiros — movimentos que, segundo credores, visam esvaziar o alcance da Justiça e proteger o que resta do patrimônio de Pupin.
O comportamento do produtor rural diante da Justiça revela o tamanho da crise: oficiais de justiça relatam sucessivas tentativas frustradas de citar Pupin pessoalmente.
Na última semana, o juiz federal Paulo Cézar Alves Sodré autorizou a citação por WhatsApp — uma medida extrema para garantir o andamento do processo.
A derrocada do “Rei do Algodão” expõe não apenas as fragilidades de um império montado com base em expansão agressiva e relações políticas, mas também a face oculta de um setor que ainda enfrenta resistência à fiscalização tributária e patrimonial.
O outrora celebrado produtor rural, que frequentava eventos empresariais e posava ao lado de autoridades, agora é símbolo de uma era que chega ao fim — manchada por dívidas bilionárias, investigações criminais e a tentativa desesperada de escapar da ruína.
Enquanto José Pupin luta para adiar o inevitável, a sociedade mato-grossense e o mercado agrícola acompanham o espetáculo da queda de mais um gigante que acreditava ser intocável.