Política

Cid confirma denúncia de golpe em interrogatório no STF: 'Presenciei grande parte dos fatos'

STF começou a ouvir réus do 'núcleo crucial' da trama golpista nesta segunda-feira (9). Segundo a Procuradoria-Geral da República, grupo faz parte do núcleo principal da organização criminosa que atuou pela ruptura democrática

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM G1 09/06/2025
Cid confirma denúncia de golpe em interrogatório no STF: 'Presenciei grande parte dos fatos'
Montagem mostra Moraes e Mauro Cid durante interrogatório no STF no caso da trama golpista | Reprodução/TV Justiça

O tenente-coronel Mauro Cid afirmou, nesta segunda-feira (9), que a acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra os acusados de tramar um golpe de Estado no país é verídica, e que ele "presenciou grande parte dos fatos, mas não participou deles".

O Supremo Tribunal Federal (STFcomeçou a interrogar, nesta segunda, os oito acusados de integrarem o chamado "núcleo crucial" da tentativa de golpe de Estado em 2022.

Mauro Cid foi o primeiro a falar porque fechou uma delação premiada com a Polícia Federal. Questionado pelo relator, ministro Alexandre de Moraes, ele garantiu que assinou o termo de colaboração por vontade própria.

O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro também negou ter sido alvo de qualquer tipo de coação que afetasse a vontade dele de fechar uma delação premiada.

Montagem mostra Moraes e Mauro Cid durante interrogatório no STF no caso da trama golpista — Foto: Reprodução/TV Justiça

Montagem mostra Moraes e Mauro Cid durante interrogatório no STF no caso da trama golpista — Foto: Reprodução/TV Justiça

Ex-ajudante de ordens da Presidência no governo Jair Bolsonaro, Cid também é acusado pela PGR de fazer parte do "núcleo crucial" junto com Bolsonaro e os outros seis denunciados. Mas, segundo a acusação, tinha "menor autonomia decisória".

Segundo a Procuradoria, ele atuou como porta-voz do ex-presidente, transmitindo orientações aos demais integrantes do grupo. Trocou mensagens com outros militares investigados para obter, inclusive com a ação de hackers, material para colocar em dúvida o processo eleitoral.

Crimes

Os outros sete réus serão interrogados em ordem alfabética:

  1. Alexandre Ramagem;
  2. Almir Garnier;
  3. Anderson Torres;
  4. Augusto Heleno;
  5. Jair Bolsonaro;
  6. Paulo Sérgio Nogueira;
  7. Walter Braga Netto.

A PGR atribuiu ao grupo cinco crimes:

➡️abolição violenta do Estado Democrático de Direito: pune o ato de "tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais". A pena varia de 4 a 8 anos de prisão.

➡️golpe de Estado: fica configurado quando uma pessoa tenta "depor, por meio de violência ou grave ameaça, o governo legitimamente constituído". A punição é aplicada por prisão, no período de 4 a 12 anos.

➡️organização criminosa: quando quatro ou mais pessoas se reúnem, de forma ordenada e com divisão de tarefas, para cometer crimes. Pena de 3 a 8 anos.

➡️dano qualificado: destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia, com violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima. Pena de seis meses a três anos.

➡️deterioração de patrimônio tombado: destruir, inutilizar ou deteriorar bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial. Pena de um a três anos.