Política

PF conclui inquérito da Abin paralela e indicia Bolsonaro, Carlos Bolsonaro, Ramagem e diretor da agência

Esquema envolvia espionagem ilegal de pessoas consideradas pelo governo anterior como adversárias. Para investigadores, Ramagem montou o esquema, Carlos Bolsonaro era o chefe do gabinete do ódio – que usava as informações para atacar publicamente os alvos

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM G1 17/06/2025
PF conclui inquérito da Abin paralela e indicia Bolsonaro, Carlos Bolsonaro, Ramagem e diretor da agência
A Polícia Federal (PF) concluiu e enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o relatório do inquérito que apura o uso ilegal de ferramentas de monitoramento | Ton Molina/STF

A Polícia Federal concluiu a investigação sobre um suposto esquema de espionagem montado na Abin durante o governo Jair Bolsonaro (PL).

O relatório final pede o indiciamento do ex-presidente, do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho dele, do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que chefiou o órgão na administração anterior e até de integrantes da agência no governo Lula (PT), por obstrução de Justiça,

Luiz Fernando Corrêa, atual diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) e delegado de Polícia Federal, está entre os implicados pela apuração.

Ao todo, 35 pessoas foram indiciadas.

Para a PF,

  • Ramagem, que foi diretor da Abin sob Bolsonaro, estruturou o esquema de espionagem ilegal de pessoas consideradas pelo governo do ex-presidente como adversárias.
  • Carlos é apontado como o chefe do gabinete do ódio, que usava as informações obtidas ilegalmente para atacar publicamente os alvos por meio das redes sociais.
  • Bolsonaro, segundo os investigadores, sabia e se beneficiava do esquema.
  • Já a atual direção da Abin teria agido para obstaculizar as apurações, que se desenrolaram sob o atual governo.

As investigações indicaram que policiais, servidores e funcionários da Abin formaram uma organização criminosa para monitorar pessoas e autoridades públicas, invadindo celulares e computadores durante a gestão Bolsonaro.

Os servidores da Abin usavam instrumentos adquiridos pela agência durante os governos Bolsonaro e Michel Temer (MDB) para coletar ilegalmente informações e alimentar o gabinete do ódio.

Entre os alvos da espionagem estavam autoridades do Judiciário, Legislativo e Executivo, além de jornalistas.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) estaria entre os alvos do grupo.

Além dele, os ex-presidentes da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Maia, além do senador Renan Calheiros (MDB-AL), entre outros.

O que dizem os citados

blog tenta contato com os citados.

A defesa de Carlos Bolsonaro foi procurada, mas não respondeu até a última atualização deste post.

PF quer reforma na Abin

Segundo o blog apurou, a PF entende que a espiongem ocorrida durante o governo Bolsonaro e a tentativa de obstrução ocorrida na atual gestão reforçam a defesa, feita por uma ala da corporação de que a Abin precisa passar por uma reforma.

Para os investigadores, a agência de inteligência está operando de maneira indiscriminada, sem controle e sem qualquer respaldo.

Carlos Bolsonaro (à esquerda) e Jair Bolsonaro (ao centro) em janeiro de 2024, durante operação do inquérito da Abin paralela. — Foto: Reprodução/GloboNews

Carlos Bolsonaro (à esquerda) e Jair Bolsonaro (ao centro) em janeiro de 2024, durante operação do inquérito da Abin paralela. — Foto: Reprodução/GloboNews