Política
'Guerra de guerrilha em território inimigo': ex-embaixador em Washington avalia como Brasil pode responder a tarifa de Trump
Roberto Abdenur atuou por 45 anos no serviço diplomático brasileiro e foi embaixador em Washington, Pequim e em Berlim. Para ele, o Brasil deve responder presidente americano com firmeza

Para Roberto Abdenur, que atuou por 45 anos no serviço diplomático brasileiro e foi embaixador em Washington, Pequim e em Berlim, o Brasil deve responder com firmeza, mas sem estridência à chantagem tarifária de Donald Trump.
Em entrevista ao podcast O Assunto da sexta-feira (11) Abdenur destacou um dos princípios básicos das Nações Unidas, que é o da não intervenção em assuntos internos de outros países.
"Princípio que Trump está desrespeitando grosseiramente, brutalmente. Temos que reagir".
Em conversa com Julia Duailibi no podcast, o embaixador fala em uma "contraofensiva" que, para ele, seria uma "guerra de guerrilha no território inimigo".
"É hora de nós partirmos, a meu ver, para uma contraofensiva. Nós devemos conduzir uma espécie de guerra de guerrilha no território inimigo, mediante diversas ações. Nós devemos mobilizar os políticos democratas, fazê-los conscientes dessa barbaridade e estimulá-los a se pronunciar contra o que o Trump está fazendo."
Além de acionar políticos do partido democrata, Abdenur sugere que a Embaixada em Washington elabore uma nota mostrando os abusos da ação de Trump e a realidade dos fatos. Ao anunciar a tarifa de 50% a produtos brasileiros, Trump usou como argumento o fato de o Brasil "não estar sendo bom" para os EUA. Mas, na realidade, o Brasil importa mais do que exporta na relação com os EUA desde 2009.
Abdenur sugere também que empresários que têm relações comerciais com o Brasil sejam acionados. Segundo ele, quem importa produtos brasileiros deve ser mobilizado, já que as tarifas devem aumentar os preços, elevando a inflação nos EUA. E quem exporta para o Brasil pode ficar preocupado, caso o governo brasileiro decida retaliar os EUA com tarifas recíprocas.
O diplomata lista ainda ações possíveis dentro do solo brasileiro, como a manifestação do Congresso, a mobilização de entidades empresariais e governadores simpáticos ao governo Lula.
"É preciso que se levantem as vozes de governadores sensíveis à gravidade do que está acontecendo. Ao atentado à soberania brasileira muito grave que o Trump está fazendo".
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O presidente dos EUA, Donald Trump, discursa durante um jantar bilateral com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu (não mostrado na foto), na Casa Branca em Washington, D.C., EUA, em 7 de julho de 2025. — Foto: Reuters/Kevin Lamarque
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