Política
Jayme Campos na berlinda: sem apoio de Bolsonaro, prefeitos e aliados, senador caminha para aposentadoria forçada
Candidato ao Senado ou ao Governo? Nenhum dos dois. Velha raposa política de Mato Grosso está sendo alijada do tabuleiro pelas forças bolsonaristas, prefeitos das maiores cidades e pelas novas articulações da direita no estado

O senador Jayme Campos (União Brasil), um dos nomes mais tradicionais da política mato-grossense, está cada vez mais isolado.
A costura nacional e estadual envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o governador Mauro Mendes (União Brasil) e o vice-governador Otaviano Pivetta (sem partido) está formando um novo desenho eleitoral em que não há espaço para Jayme — nem no Senado e muito menos no Governo do Estado.
Fontes ligadas ao grupo de Jair Bolsonaro confirmam que o nome escolhido para disputar o Senado por Mato Grosso será José Medeiros (PL), atual deputado federal e aliado histórico do ex-presidente.
Embora Bolsonaro esteja atualmente impedido de sair de casa em razão de decisão judicial que o mantém em reclusão domiciliar, seu grupo político em Mato Grosso tem intensificado as articulações em favor de Medeiros, que já conta com o apoio de deputados estaduais, federais, prefeitos e lideranças da base conservadora.
Jayme Campos, por sua vez, não conseguiu se firmar como aliado de confiança do bolsonarismo e tem sido deixado de fora das principais movimentações da direita.
O senador também amarga rejeição política nas três maiores cidades de Mato Grosso — justamente os maiores colégios eleitorais do estado: Cuiabá: o prefeito Abílio Brunini (PL), ligado ao bolsonarismo raiz, já declarou apoio a José Medeiros para o Senado e tem defendido um alinhamento puro-sangue com o ex-presidente.
Várzea Grande: apesar de Jayme ser o maior cacique político da cidade no passado, hoje a prefeita é Flávia Moretti (PL), também bolsonarista e ligada a José Medeiros. Jayme já foi derrotado nas urnas locais, com o fracasso do projeto Kalil Baracat (MDB), e não conta mais com respaldo popular nem institucional em sua cidade natal.
Rondonópolis: a terceira maior cidade do estado também se distancia de Jayme.
O prefeito Cláudio Ferreira (PL), médico conservador e bolsonarista declarado, já sinalizou que está com Medeiros e com o grupo de Pivetta para 2026, deixando claro que Jayme não terá palanque nem apoio por lá.
Sem apoio nas bases mais estratégicas do estado, qualquer projeto político se torna natimorto.
Embora seja do mesmo partido de Jayme Campos, o governador Mauro Mendes não manifestou apoio ao senador como segunda opção para o Senado — mesmo sendo ele próprio pré-candidato à outra vaga.
Nos bastidores, a leitura é que Mauro evita se comprometer com Jayme, ciente de que o nome do União Brasil que agrada Bolsonaro, os prefeitos e a base conservadora é Otaviano Pivetta, cotado ao Governo, e José Medeiros ao Senado, em aliança informal com o PL.
Com isso, Jayme Campos se vê cada vez mais encurralado: sem apoio de Bolsonaro; sem apoio do PL; sem apoio dos prefeitos das maiores cidades e sem apoio explícito nem mesmo do governador de seu próprio partido.
Nos bastidores, o veredito é unânime: “Jayme está sendo alijado da candidatura. A hora dele passou”, resume um assessor próximo ao núcleo bolsonarista.
O senador, que já foi prefeito, governador e presidente do Senado, parece estar próximo do último capítulo da sua carreira política.
Sem base, sem votos e sem grupo, resta a Jayme Campos reconhecer o fim de um ciclo e, enfim, se aposentar da vida pública.