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Após fuga de ex-diretor da PRF, Moraes ordena prisão domiciliar de outros 10 condenados por golpe: o que se sabe

Os casos envolvem condenados pela Primeira Turma do STF por tentativa de golpe de Estado

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM BBC 27/12/2025
Após fuga de ex-diretor da PRF, Moraes ordena prisão domiciliar de outros 10 condenados por golpe: o que se sabe
Os casos envolvem condenados pela Primeira Turma do STF por tentativa de golpe de Estado | Getty Imagens

A pedido do Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal cumpriu, na manhã deste sábado (27/12), ao menos dez mandados de prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica.

Os casos envolvem condenados pela Primeira Turma do STF por tentativa de golpe de Estado

Segundo nota divulgada pela PF, essas ordens estão sendo cumpridas nos seguintes estados: Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Paraná, Goiás, Bahia, Tocantins e no Distrito Federal, e contam com apoio do Exército Brasileiro.

A PF divulgou ainda que também foram impostas medidas como proibição de uso de redes sociais, de contato com outros investigados, a entrega de passaportes, a suspensão de documentos de porte de arma de fogo e a proibição de visitas.

A lista completa de alvos da operação deste sábado inclui:

Guilherme Marques Almeida

Tenente-coronel e ex-comandante do 1º Batalhão de Operações Psicológicas em Goiânia. Ao receber a Polícia Federal em fevereiro de 2024, durante investigação da Operação Tempus Veritas, ele desmaiou. Foi condenado a 13 anos e 6 meses de prisão.

Tenente-coronel que, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), fazia parte do "Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral" da tentativa de golpe. Condenado a 17 anos de prisão.

Filipe Martins

Ex-assessor da Presidência da República do governo de Jair Bolsonaro, que teria apresentado ao ex-presidente a minuta de decreto para "executar um golpe de Estado". Condenado a 21 anos de prisão.

Giancarlo Gomes Rodrigues

Subtenente do Exército. Teria feito monitoramento clandestino de opositores políticos, coletando informações de forma ilegal para favorecer ações golpistas. Recebeu pena de 14 anos.

Ângelo Martins Denicoli

Major da reserva do Exército, denunciada por disseminar notícias falsas sobre as urnas eletrônicas e atacar instituições e autoridades públicas, contribuindo para a articulação golpista. Recebeu pena de 17 anos.

Ailton Gonçalves Moraes Barros

Aliado próximo de Bolsonaro, o militar reformado e advogado foi indiciado em dois inquéritos envolvendo o ex-presidente: o da tentativa de golpe de Estado e o do esquema de fraude em cartões de vacinação. Chegou a concorrer a deputado estadual pelo PL no Rio de Janeiro, em 2022, mas não se elegeu. Condenado a 13 anos de prisão.

Fabrício Moreira de Bastos

Coronel do Exército. Segundo investigações, estaria envolvido na carta que buscava apoio da alta cúpula militar ao golpe. Foi adido do Exército em Tel Aviv, capital de Israel. Chegou a ser condecorado por Lula em 2023. Pegou 16 anos de prisão.

Bernardo Romão Corrêa Netto

Coronel, fez parte de grupo que buscou incitar golpe dentro das Forças Armadas. Condenado a 17 anos de prisão.

Marília Alencar

Delegada da Polícia Federal, foi a única mulher denunciada pela PGR entre os acusados de golpe de Estado. Ela foi diretora de inteligência do Ministério da Justiça no final do governo Bolsonaro e teria municiado a operação da PRF com informações sobre os municípios com mais eleitores de Lula. Condenada a 8 anos e 6 meses de prisão.

Fuga de Silvinei Vasques motivou ação

Na decisão, o ministro Alexandre de Moraes diz que o modus operandi da organização criminosa "indica a possibilidade de planejamento e execução de fugas para fora do território nacional, inclusive com ajuda de terceiros", e cita o exemplo do réu Alexandre Ramagem, que foi para os EUA, e de Silvinei Vasques.

Os mandados são cumpridos um dia depois de o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques ter sido preso pela polícia paraguaia, na madrugada de sexta-feira (26/12), no aeroporto internacional de Assunção. Ele estava proibido de deixar o Brasil por causa da condenação por golpe de Estado.

O caso foi tratado como uma fuga pela PF.

Para deixar o país, Vasques fez uma viagem em um carro alugado e levava consigo um passaporte paraguaio falso e uma carta alegando estar tratando um câncer para justificar sua ida para El Salvador a partir da capital paraguaia.