A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou, na manhã de sexta-feira,26, uma nova fase da Operação Cenário Montado, cumprindo ordens judiciais de afastamento cautelar contra um vereador e um servidor público investigados por envolvimento em um esquema milionário de fraudes em licitações públicas nos municípios de Barra do Garças e Pontal do Araguaia.

As medidas foram determinadas pela 2ª Vara Criminal de Barra do Garças, após investigação que apontou que os alvos exerciam papéis determinantes na operacionalização do esquema, especialmente na condução de processos licitatórios e na articulação administrativa para viabilizar os desvios.

Conduzidas pela 1ª Delegacia de Polícia de Barra do Garças, as investigações revelaram a existência de uma associação criminosa estruturada, voltada ao desvio sistemático de recursos públicos por meio de: manipulação de orçamentos; superfaturamento de contratos; simulação de concorrência entre empresas e uso de empresas de fachada.

Os fatos apurados indicam a prática de crimes como falsidade ideológica, associação criminosa, lavagem de capitais e infrações previstas na Lei de Licitações.

Mesmo após as primeiras fases da operação, segundo a polícia, o grupo continuou atuando, criando novas empresas em nome de familiares para burlar decisões judiciais e suspensões anteriores, evidenciando reincidência e sofisticação do esquema.

Além do afastamento das funções públicas, os investigados estão proibidos de: acessar prédios da administração municipal; utilizar sistemas internos de gestão; atuar em processos administrativos e manter contato com outros envolvidos nos fatos investigados.

A operação é presidida pelo delegado Adriano Marcos Alencar, com apoio dos delegados Pablo Borges Rigo e Raphael Diniz, sob coordenação do delegado regional Wilyney Santana Borges.

Foram afastados das funções: Rauflis de Oliveira Mello, vereador e ex-secretário municipal de duas pastas em Pontal do Araguaia e Alessandro dos Santos, servidor público da área de licitações.

Em nota, Rauflis afirmou que a medida é preventiva e que não implica reconhecimento de culpa, negando contato indevido com servidores, licitantes ou autoridades. A defesa de Alessandro não se manifestou até a publicação.

A Operação Cenário Montado teve início em 16 de dezembro e já atingiu sete investigados, entre servidores, empresários e vereadores, ligados a empresas do setor de eventos e shows, usadas para fraudar licitações e criar Atas de Registro de Preços.

Entre os alvos identificados estão: Adenir Pinto da Silva – apontado como chefe do esquema; Lucimar Teixeira da Silva – articulador operacional; Rodrigo Mendes Moreira – coordenação de serviços; Luciana Costa da Silva – servidora municipal; Tayara Félix Alves Cardoso – empresa de fachada; Paulo Henrique de Freitas Pinto – representante legal de empresa e Elcio Mendes da Silva – vereador e servidor no gabinete do prefeito de Barra do Garças. Apenas três pregões investigados em Pontal do Araguaia somam cerca de R$ 25,8 milhões, podendo alcançar até R$ 51,7 milhões com adesões, conforme o limite legal de 200%.

O nome da operação faz referência à encenação de uma concorrência inexistente, em que empresas simulavam disputa para legitimar contratos previamente combinados, criando um cenário fraudulento destinado a enganar a administração pública.