Brasil
66ª fase da Lava Jato apura lavagem de dinheiro praticada por funcionários do Banco do Brasil
A 66ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta sexta-feira (27), apura lavagem de dinheiro praticada por doleiros e funcionários do Banco do Brasil, de acordo com o Ministério Público Federal (MPF).
Foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão em São Paulo (SP) e um em Natal (RN). Os policiais federais cumprem essas ordens judiciais nas casas dos funcionários da instituição financeira e em uma agência de câmbio. Não há buscas em agência ou sede do Banco do Brasil.
O MPF informou que o Banco do Brasil colaborou com a operação com provas colhidas a partir de uma investigação interna.
O Banco do Brasil disse que vem colaborando com as autoridades na operação Alerta Mínimo, já tendo iniciado processos administrativos que podem resultar na demissão dos funcionários envolvidos.
Segundo o MPF, esta etapa da Lava Jato investiga três gerentes e um ex-gerente do Banco do Brasil que atuaram para facilitar a realização de operações de lavagem de dinheiro entre os anos de 2011 e 2014. As movimentações superaram R$ 200 milhões.
Os suspeitos, conforme a PF, atuaram em benefício de empresas que contratavam com a Petrobras e necessitavam de dinheiro em espécie para o pagamento de vantagens indevidas a agentes públicos.
Os gerentes alvos das buscas são Alexandre de Melo Canizella, Alexandre Goebel e Wagner Lezza, vinculados a três agências do Banco do Brasil em São Paulo. O ex-gerente é José Aparecido Eiras. O G1 tenta localizar a defesa deles.
Esta fase foi deflagrada agora porque, de acordo com os procuradores do MPF, um dos gerentes investigados e que está na ativa aderiu ao programa de demissão voluntária, em que é paga uma indenização de R$ 250 mil. Ele receberia essa quantia na próxima semana.
Outro gerente já tinha sido demitido pelo banco, de acordo com o MP.
'Alerta Mínimo'
Esta nova etapa da Lava Jato foi batizada de "Alerta Mínimo". Este nome faz referência aos alertas de operações atípicas do sistema interno do banco para o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) – que hoje se chama Unidade de Inteligência Financeira (UIF) – serem encerrados por meio de argumentos apresentados por gerentes de agência, sem apontar indícios de lavagem de dinheiro.
Nas investigações, de acordo com a PF, documentos revelados por colaboradores mostram que um doleiro produziu, pelo menos, R$ 110 milhões em espécie. O nome desse doleiro ainda não foi informado. Esse dinheiro viabilizava o pagamento de propinas, segundo a PF.
Os procuradores citaram nomes de vários doleiros que de alguma maneira participaram das ações investigadas nessa fase, como Roberto Trombeta, Rodrigo Morales, Silvio Preto, Nelma Kodama e Raul Henrique Srour.
Carlos Arturo Júnior é um operador financeiro, que de acordo com Pozzobon, foi alvo de busca e apreensão nesta sexta-feira.
O G1 tenta localizar a defesa dos doleiros.
Pozzobon disse que chamou a atenção o fato de um ex-gerente do Banco do Brasil firmar um termo de compromisso entre empresas de fachada e empresas de um doleiro.
A suspeita da PF é de que gerentes de agências bancárias participavam do esquema ao dar suporte às operações de desconto de cheques. Eles também, de acordo com a PF, elaboravam justificativas internas para evitar fiscalizações e ações de compliance.
Os funcionários, em troca, recebiam comissões dos operadores e vendiam produtos da agência para atingir metas, segundo a PF.
'Falhas de controle'
"Nos preocupa a utilização do sistema financeiro nacional para lavagem de dinheiro", disse a procuradora Laura Gonçalves Tessler.
A procuradora explicou que, diferentemente do que acontecia com as empreiteiras investigadas em outras fases da Lava Jato, o caso no Banco do Brasil foi isolado.
De acordo com Laura Gonçalves Tessler, os funcionários envolvidos "expressamente defenderam as irregularidades" para que o esquema se perpetuasse.