Brasil

Hospital de São Paulo retrata o improviso na luta contra o covid-19

24/04/2020
“A nossa rotina, como técnico de enfermagem ou enfermeiro, é assustadora. Está muito difícil de trabalhar, a pressão é grande, porque é tudo desconhecido, tudo é novo”, conta uma técnica de enfermagem (que prefere não ser identificada) do Hospital Municipal Tide Setúbal. Trata-se de um dos quatro hospitais da Prefeitura de São Paulo que operam com alta taxa de ocupação de leitos da UTI por causa da pandemia de coronavírus.   Na média, 74% dos leitos de tratamento intensivo na capital está ocupado, segundo as autoridades estaduais informaram nesta quinta-feira, mas tudo é bastante dinâmico a preocupante.   Unidade da zona leste bateu 100% de ocupação de UTIs na semana passada. O Tide Setúbal está situado na zona leste da capital, periferia da cidade, uma das principais frentes de avanço da covid-19.

Todos os dias temos casos de morte. Na primeira semana, depois de se transformar em referência, um rapaz chegou acompanhado da esposa com falta de ar e cansado. Ele não tinha mais de 40 anos. Depois de três horas ele veio a óbito”, conta a profissional.

 

Além da lotação, os profissionais vêm reclamando da falta de equipamento de proteção individual (EPI) para lidar com os pacientes internados e contagiados.

 

“A gente entra no plantão às 7 horas e, quando saímos para tomar café ou almoçar, tiramos nossa capa de proteção impermeável e deixamos pendurada.

 

Passamos um papel toalha para retirar o suor e depois utilizamos outra vez até às 19h”, explica a técnica de enfermagem.

 

“A capa é descartável, se você teve contato com o paciente, tem que jogar fora. Mas como não tem suficiente, tem que ficar trocando vírus de um paciente para outro. Também utilizamos uma máscara N95 [ as mais seguras e recomendadas] por baixo de uma máscara cirúrgica por 12 horas. A única coisa que descartamos são as luvas”, acrescenta.