Dois atos rivais, um pró e outro contra o governo Jair Bolsonaro (sem partido), ocuparam hoje lados opostos na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e caminharam até as imediações da praça dos Três Poderes.
No momento em que os protestos se aproximaram, a Polícia Militar do Distrito Federal acionou a cavalaria e improvisou um cordão de isolamento. Houve provocações de parte a parte e breve momento de tensão. As duas manifestações tiveram praticamente o mesmo volume. A PM, por enquanto, não informou se divulgará ou não o número de pessoas que passaram pela Esplanada em virtude dos protestos. Até 12h20, não havia registro de confusão ou tumulto.
Por volta de 12h30, os participantes do ato contra o governo, liderado por torcidas organizadas de clubes de futebol, iniciou a caminhada de volta ao ponto de concentração, localizado no Teatro Nacional.
Os apoiadores de Bolsonaro permaneceram nos arredores do Ministério da Saúde, na pista inversa. A PM não permitiu que os atos rivais tivessem o mesmo trajeto. Ambos começaram por volta do mesmo horário, com concentração entre 9h e 10h, e marcharam em direção ao Congresso Nacional.
Em cumprimento ao esquema de segurança, os policiais fizeram barreiras de revista e apreenderam mastros, canos utilizados para erguer bandeiras e outros objetos. O carro de som do ato bolsonarista foi retido e não pôde se deslocar junto ao público. Entre as pautas do protesto pró-governo, predominaram o tom religioso e as críticas ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Com uma réplica em grandes proporções de uma cruz, símbolo cristão, apoiadores simularam uma via crúcis em defesa do presidente da República. O carro de som exibia uma cruz e a mensagem "Jesus. A paz que liberta".
Outros pediam o impeachment do ministro da Corte Alexandre de Moraes, que se tornou desafeto de Bolsonaro. Outro alvo foi o chefe do Congresso, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP). Já a a manifestação que reuniu torcidas de vários clubes brasileiros e movimentos sociais teve faixas e cartazes pedindo democracia e criticando o Executivo por questões relacionadas ao enfrentamento à pandemia do coronavírus.
Além de corintianos e vascaínos, a reportagem do UOL localizou torcedores de Botafogo, Flamengo e do Gama no protesto. Movimentos Sociais contra o racismo e o fascismo, grupos LGBTs e a presidente do PT Gleisi Hoffmann também participaram do ato na Esplanada dos Ministérios.
Antes do protesto, o grupo chamado "Somos Democracia", dirigiu-se ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), por meio de uma carta. Eles esperavam entregar o documento ao parlamentar. "Não é admissível conviver com tamanha crueldade e irresponsabilidade de um governo que - sequer - respeita a diplomacia entre as instituições e costuma desrespeitar os poderes, as autoridades e o próprio congresso nacional. Bolsonaro passa dos limites diariamente, entrevistas que debocham das pessoas mortas pelo covid-19, sem ministro da saúde e sem estratégia para conter o avanço do vírus no Brasil", diz um trecho do documento.