Economia e Negócios
Dólar cai a R$ 4,97 e alcança menor patamar desde setembro, após decisão do Fed e à espera do Copom; Ibovespa sobe
A moeda norte-americana recuou 1,34%, cotada a R$ 4,9730. Já o principal índice acionário da bolsa brasileira encerrou com alta de 1,69%, aos 115.053 pontos
O dólar fechou a sessão desta quarta-feira (1º) em queda, após o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) anunciar que manteve os juros básicos dos Estados Unidos inalterados. Investidores também seguiam em compasso de espera pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que deve ser divulgada após o fechamento dos mercados.
Nesta véspera de feriado, o mercado também monitorou dados de trabalho e do setor manufatureiro do Estados Unidos, além de seguir atento aos desdobramentos da guerra no Oriente Médio. Eventuais sinais sobre o quadro fiscal brasileiro também ficaram no radar.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, encerrou o pregão com alta de mais de 1%.
Dólar
Ao final da sessão, o dólar fechou em queda de 1,34%, cotado a R$ 4,9730, no menor patamar desde setembro.
Na véspera, a moeda norte-americana encerrou a sessão com um recuo de 0,13%, cotada a R$ 5,0406. Com o resultado de hoje, passou a acumular perdas de:
- 0,79% na semana;
- 1,34% no mês;
- 5,78% no ano.
Ibovespa
Já o Ibovespa encerrou com um avanço de 1,69%, aos 115.053 pontos.
Na véspera, o índice havia fechado com um avanço de 0,54%, aos 113.144 pontos. Com o resultado de hoje, passou a acumular altas de:
O que está mexendo com os mercados?
O principal destaque desta sessão fica com a "Super quarta" — como é chamado o dia em que tanto o Fed quanto o BC brasileiro divulgam suas decisões de juros.
Por aqui, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne para decidir qual será o patamar de juros nos próximos 45 dias. Segundo especialistas entrevistados pelo g1, a expectativa é que o BC faça um novo corte de 0,50 ponto percentual (p.p.) na Selic, levando a taxa a 12,25% ao ano.
Se confirmado, esse será o terceiro corte seguido da taxa básica — que cairá ao menor patamar desde maio de 2022, quando estava em 11,75% ao ano.
A XP, por exemplo, avaliou, em comunicado, que os dados recentes sobre inflação e atividade continuam a sugerir espaço para redução de juros.
A instituição projetou corte para 12,25% ao ano, mas acrescentou que, em sua visão, uma aceleração no ritmo de corte é cada vez menos provável "em linha com a elevação nos juros americanos e riscos fiscais [nas contas públicas] persistentes no quadro doméstico".
A projeção do mercado financeiro é que a taxa de juros tenha uma nova queda em dezembro deste ano e termine 2023 em 11,75% ao ano. Para 2024, a estimativa é de que a taxa Selic feche o ano em 9,25% ao ano.
Vale destacar que quanto mais baixos os juros estiverem, maior tende a ser o apetite por risco no mercado. Assim, investidores tendem a vender seus títulos de renda fixa e comprar ações, por exemplo, impulsionando a bolsa brasileira para cima.
Já nos Estados Unidos, o Fed anunciou que manteve as taxas de juros do país inalteradas, conforme era esperado pelo mercado, mas deixou a porta aberta para outro eventual aumento nos custos do empréstimos no futuro.
O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) ainda reconheceu que a economia norte-americana expandiu-se a um ritmo forte no terceiro trimestre — o que volta a deixar no radar a possibilidade de um novo aumento de juros.
Em entrevista a jornalistas após a divulgação do comunicado do Fomc, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que não é verdadeira a ideia de que é "difícil" para o BC dos EUA voltar a subir os juros do país, destacando que cortes de juros não estão no radar da autarquia no momento.
Além disso, Powell também reiterou que os custos de empréstimo do mercado precisariam se sustentar em um nível mais elevado para que isso influenciasse as futuras escolhas de política monetária do Fed.
Segundo o economista-sênior do Inter André Cordeiro, o comitê não deu indícios firmes sobre os próximos passos na política monetária dos EUA, apenas reforçando que estão prontos para mudar a direção da política monetária caso necessário.
O Fomc também sinalizou que acompanhará de perto os desenvolvimentos econômicos e os eventos internacionais — o que, para Cordeiro, é um "aceno para o conflito no Oriente Médio".
"Portanto, a decisão foi sem surpresas, com o Fed mantendo o discurso de dependência dos dados", disse o economista.
Na agenda de indicadores, o setor industrial dos Estados Unidos reportou uma forte queda em outubro, após mostrar sinais de melhoria nos meses anteriores, à medida que novas encomendas e o emprego caíram, provavelmente refletindo as greves do sindicato United Auto Workers (UAW) nas três grandes montadoras do país.
As vagas de emprego disponíveis na maior economia do mundo, por sua vez, aumentaram em setembro, sinalizando a contínua resiliência do mercado de trabalho norte-americano.