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Jeanine Áñez se declara presidente da Bolívia em Congresso sem quórum

12/11/2019

A senadora de oposição Jeanine Áñez se declarou presidente interina da Bolívia na noite desta terça-feira (12). "Assumo de imediato a presidência e me comprometo a tomar todas as medidas necessárias para pacificar o país" disse ela no Senado, que teria uma sessão para discutir a sucessão de Evo Morales, que acabou não ocorrendo por falta de quórum.

Áñez prometeu organizar novas eleições "o mais rápido possível", seguindo recomendação da Organização dos Estados Americanos (OEA). Desde a renúncia de Evo até a proclamação da senadora, a Bolívia passoumais de 48h sem presidente.

Pouco depois do anúncio, o Tribunal Constitucional da Bolívia reconheceu, em comunicado, o ato da senadora que a proclamou como nova presidente boliviana.

Momentos depois, o ex-presidente Evo Morales publicou mensagem nas redes sociais em que repudia a proclamação de Áñez. "Está consumado o golpe mais ardiloso e nefasto da história", tuitou.

Evo ainda acusou Áñez de violar a constituição da Bolívia e normas internas da Assembleia Legislativa e disse que o país "sofre um assalto ao poder do povo".

Por que Áñez se declarou presidente da Bolívia?

 
Segunda vice-presidente do Senado, Áñez decidiu se declarar presidente depois que, além de Evo Morales e seu vice Álvaro García Linera, a presidente do Senado, Adriana Salvatierra, e o presidente da Câmara dos Deputados, Victor Borda – que seriam os próximos na linha de sucessão de Morales – também renunciaram, assim como o vice-presidente do Senado, Rubén Medinacelli.
"No entanto, os parlamentares do MAS não estavam presentes, expressaram publicamente sua decisão de não participar e todos sabemos que o presidente e o vice-presidente apresentaram sua renúncia, deixando o país, refugiando-se em asilo no México, o que constitui um abandono de suas funções."
Mais cedo, uma sessão da Câmara que deveria aprovar a renúncia de Evo Morales e determinar que Añez assumisse interina e provisoriamente o cargo também foi suspensa por falta de quórum. Os representantes do Movimiento Al Socialismo (MAS), partido do ex-presidente, não compareceram, dizendo não ter garantias suficientes de segurança para chegarem a La Paz.
Na segunda-feira, Añez tinha dito que eles teriam segurança garantida, mas nesta terça, em uma entrevista coletiva que teve como porta-voz a deputada Betty Yañíquez, a bancada do MAS afirmou que deputados e senadores do partido não teriam como chegar à Assembleia sem correr riscos, especialmente depois que o líder oposicionista Luis Fernando Camacho convocou uma manifestação para esta tarde.

Oposição a Evo pede fim dos protestos

Logo após a autodeclaração de Áñez, o segundo colocado na eleição de 20 de outubro -- vencida oficialmente por Evo, mas suspeita de irregularidades --, o oposicionista Carlos Mesa, a parabenizou numa rede social:  

Também após Añez se autodeclarar presidente, o líder oposicionista Luis Fernando Camacho afirmou, em La Paz, que vai pedir aos manifestantes que cessem os protestos a partir da meia-noite desta terça-feira.

Evo no México

Evo chegou nesta terça ao México, país que lhe concedeu asilo após renunciar ao cargo sob pressão das Forças Armadas bolivianas.

De acordo com o chanceler do México, Marcelo Ebrard, o avião com Evo teve dificuldades até pousar na capital mexicana devido às dificuldades em se obter autorização para sobrevoar espaços aéreos de países pelo caminho. Bolívia e Equador, por exemplo, não autorizaram.

Evo ainda prometeu continuar na política. "Quero dizer que, enquanto eu estiver vivo, seguiremos na política. Enquanto estiver vivo, continuará a luta", afirmou.

Além de Evo, o agora ex-vice-presidente da Bolívia Álvaro García Linera e a deputada Gabriela Montaño também desembarcaram no México.