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Uma semana após explosão em Beirute, manifestantes voltam às ruas do Líbano em novos protestos contra o governo
Megaexplosão em Beirute reacendeu movimentos contra a classe política libanesa, o que culminou na queda do primeiro-ministro. Houve confronto entre manifestantes e policiais
A força da explosão foi tão grande que o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês), indicou que a intensidade foi a de um terremoto de magnitude 3,3. O incidente abriu uma cratera de 43 metros de profundidade.
De acordo com a agência Reuters, o governo libanês foi alertado em julho sobre o risco de uma explosão. Um documento feito por inspetores com o alerta chegou às mãos do premiê Diab e do presidente, Michel Aoun, que também é alvo dos protestos.
Mudança difícil
Mesmo com as manifestações cada vez mais aguerridas por uma mudança profunda na classe política, dificilmente o Líbano chegará a um governo formado por novos grupos políticos. Isso ocorre pelas seguintes razões:
- Sistema sectário — como os cargos eletivos no Líbano são divididos de acordo com as religiões majoritárias no país (metade do Parlamento fica com cristãos e a outra metade, com muçulmanos), as coalizões se associam de tal forma que dá pouca margem para o surgimento de novas forças políticas (entenda mais no VÍDEO abaixo)
- Sem eleições à vista — Diab pretendia organizar novas eleições parlamentares para implementar reformas, mas a renúncia do gabinete deixa em suspenso a ideia de um pleito para redesenhar o Parlamento.
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Diab assumiu com a promessa de um governo técnico para atacar o pesadelo econômico vivido pelo Líbano, o pior desde a Guerra Civil (1975-1990). Ele não conseguiu, porém, se esquivar das exigências da classe política, que inclui o movimento xiita Hezbollah como um dos principais partidos governistas.
O Hezbollah – do árabe "Partido de Deus" – é uma facção sediada no Líbano formada por militantes radicais da minoria xiita no país. Apoiado pelo Irã, o grupo nasceu na década de 1980 para enfrentar tropas de Israel que ocupavam o território libanês.
Nas décadas de 1990 e 2000, o grupo se fortaleceu fora das ofensivas armadas e intensificou a participação na política libanesa. O braço político do Hezbollah vem conquistando cadeiras no Parlamento do Líbano – chegando, inclusive, a fazer parte do governo.