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Entenda o que trava o acordo para o fim da guerra na Ucrânia
Donald Trump teve conversas com Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky, mas admitiu que "questões muito espinhosas" permanecem sem resolução
Estados Unidos, Rússia e Ucrânia alegaram avanço nas negociações pelo fim da guerra no leste europeu, mas ressaltaram que pontos cruciais continuam travando um acordo.
Donald Trump, presidente dos EUA, conversou com Vladimir Putin, da Rússia, por telefone, no início do domingo (28). Mais tarde, o americano se encontrou com Volodymyr Zelensky, chefe de Estado da Ucrânia, na Flórida.
Mesmo declarando avanço nas conversas -- e após ter dito na campanha eleitoral de 2024 que acabaria com o conflito em 24 horas se fosse eleito --, Trump destacou que não tem nenhum prazo em mente para dar fim à guerra na Ucrânia.
“Há uma ou duas questões muito espinhosas, questões muito difíceis, mas acho que estamos indo muito bem”, disse o republicano após o encontro com Zelensky.
Veja abaixo os principais pontos que travam um acordo para o fim da guerra na Ucrânia.
Destino da usina nuclear de Zaporizhzhia
Um dos principais pontos de desavença entre Rússia e Ucrânia é o destino na usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, que está sob controle russo.
Recentemente, Zelensky afirmou que seu governo propõe que a usina seja operada conjuntamente entre EUA e Ucrânia, com 50% da produção de eletricidade destinada à Ucrânia e o restante alocado pelos Estados Unidos.
Após a reunião de domingo, Trump elogiou Putin e a gestão da usina nuclear. “O presidente Putin está, na verdade, trabalhando com a Ucrânia para abrir [a usina]”, disse.
“É um grande passo, quando ele não está bombardeando" aquele local, adicionou o presidente.

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Outro ponto, e provavelmente o maior entrave para o acordo, é a concessão de territórios pela Ucrânia.
A Rússia reivindica as regiões de Donbas, Zaporizhzhia e Kherson como parte do território russo, embora a maioria dos países as considere como pertencentes à Ucrânia.
Trump reconheceu que a questão territorial é uma das principais desavenças e sugeriu que é melhor abrir mão de territórios agora, antes que a Rússia invada ainda mais áreas.
Nesta segunda-feira (29), o Kremlin afirmou que a Ucrânia deveria retirar suas tropas da parte de Donbas se quiser a paz. Além disso, fez comentários semelhantes aos do presidente americano, alertando que, caso Kiev não chegue a um acordo, perderá ainda mais território. Zelensky, por sua vez, tem demonstrado flexibilidade, dizendo que está disposto a submeter qualquer acordo de paz a um referendo (a Constituição da Ucrânia exige que quaisquer alterações às suas fronteiras nacionais sejam submetidas a uma votação).
No entanto, ele ressaltou que seria necessário garantir um cessar-fogo de ao menos 60 dias para realizar o referendo.
Segundo Yuri Ushakov, assessor do Kremlin, Trump e Putin "geralmente compartilham opiniões semelhantes de que uma trégua temporária apenas prolongará o conflito.
Atualmente, segundo estimativas russas, as forças de Putin controlam um quinto da Ucrânia, incluindo:
- A Crimeia, que anexou em 2014
- Cerca de 90% de Donbas
- 75% das regiões de Zaporizhzhia e Kherson
- Pequenas porções das regiões de Kharkiv, Sumy, Mykolaiv e Dnipropetrovsk.