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Rússia rompe paralisia da guerra e fica perto de conquistar 2ª maior cidade da Ucrânia
Moscou aproveitou demora para chegada de ajuda dos EUA, que aprovaram novo pacote em abril. Tropas russas tentam agora conquistar Kharkiv, a 2ª maior cidade ucraniana
O cenário de estagnação que marcou a guerra da Ucrânia durante cerca de um ano ficou para trás.
Aproveitando a demora da chegada de mais ajuda do Ocidente para tropas ucranianas, a Rússia conseguiu avançar sobre frentes de batalha no leste, criou novas no norte e agora se aproxima da conquista da segunda maior cidade ucraniana.
O governo da Ucrânia já trabalha com o cenário de uma ofensiva russa ainda maior nas próximas semanas. Pesa o fato de que, com a falta de ajuda do Ocidente, as forças da Ucrânia estão em menor número em infantaria, blindados e munições atualmente nas frentes de batalha.
Por isso, o Exército ucraniano está na defensiva ao longo da linha de frente, que tem uma extensão de cerca de 1.000 quilômetros, e tenta construir linhas de defesa mais fortes.
Bombeiros contém chamas em local que foi alvo de ataque aéreo russo em Kharkiv, na Ucrânia — Foto: Valentyn Ogirenko/Reuters
Segundo o Instituto para o Estudo da Guerra, think tank dos Estados Unidos que monitora diariamente a situação nas frentes de batalha da guerra na Ucrânia, a situação na guerra neste momento é a seguinte:
- As forças russas têm avançando principalmente de Kharkiv, com incursões no norte e nordeste da cidade, e estão perto de conquistá-la;
- No leste, a posição atual da Rússia, de dominação de quase toda a região, permite que tropas do país possam escolher "múltiplas direções" para avançar em Avdiivka, em Donetsk;
- Fora da Ucrânia, o Kremlin tem investido em uma campanha contra países da Otan, utilizando interferências no GPS e sabotando infraestruturas logísticas militares.
Além de ser a maior cidade depois da capital Kiev, Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, é também um importante centro industrial e científico da Ucrânia, além de ter se tornado um dos símbolos da resistência na guerra.
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O avanço, na avaliação do instituto, aconteceu por uma combinação de fatores planejados e não planejados dentro e fora da Rússia:
- Após perder milhares de soldados e artilharia e veículos de guerra no primeiro ano de guerra, a Rússia conseguiu reorganizar sua estrutura militar com o tempo e graças a manobras na economia que conseguiram bancar e manter os altos gastos na guerra;
- No cenário externo, a demora para a ajuda dos EUA, o principal financiador externo da Ucrânia, também favoreceu. Equipamentos e artilharias da Ucrânia foram se deteriorando e tornando as linhas de frente de Kiev mais frágeis e perenes.
Homem trabalha em construção de nova linha de defesa da Ucrânia na cidade de Kharkiv, no nordeste, em abril de 2024. — Foto: Evgeniy Maloletka/ AP
Ajuda
Em abril, o Congresso dos Estados Unidos aprovou um pacote de ajuda para a Ucrânia de US$ 60,8 bilhões (cerca de R$ 318 bilhões). Embora bilionária, a ajuda demorou meses para sair, após forte resistência do Partido Republicano em liberar mais verbas para guerras fora do país.
Em uma postagem nas redes sociais na sexta-feira, Zelensky reclamou da demora e disse que “nem todos os nossos parceiros estão atualmente cumprindo os acordos em tempo hábil”, embora não tenha especificado quais. Nesta terça, ele recebeu em Kiev o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken.
Diante da demora, o Kremlin redirecionou as táticas de guerra e buscou explorar a escassez de munições e de mão-de-obra por parte da Ucrânia.
Nos primeiros dias da guerra, a Rússia fez uma tentativa fracassada de atacar rapidamente Kharkiv, mas recuou um mês depois. Sete meses depois, o exército da Ucrânia expulsou as forças do Kremlin de Kharkiv no outono de 2022. O ousado contra-ataque ajudou a persuadir os países ocidentais de que a Ucrânia poderia derrotar a Rússia no campo de batalha e merecia apoio militar.
Fim do cenário de estagnação
Rússia lança maior ataque aéreo do ano contra a Ucrânia
Em 2023, como já previam especialistas e institutos, ambos os lados não conseguiram avançar de forma significativa nas frentes de batalha, que acabaram fechando o ano como começaram, com tropas russas sobre cerca de 20% do território ucraniano.
A contraofensiva da Ucrânia, lançada em meados de 2023 com forte respaldo militar e financeiro dos Estados Unidos e da Europa, avançou menos do que o esperado. Por outro lado, a Rússia